O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade realiza um detalhado monitoramento da diversidade biológica do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense. O Ideflor-Bio realiza essa ação com regularidade, utilizando metodologia criada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O objetivo é avaliar a conservação das espécies da fauna local, com foco em aves, mamíferos e borboletas frugívoras.
A iniciativa promove um levantamento preciso da situação da biodiversidade nas Unidades de Conservação (UCs) do Estado. Esse trabalho envolve a análise de espécies bioindicadoras, que são organismos altamente sensíveis às mudanças ambientais e, portanto, servem como indicadores da saúde dos ecossistemas. No Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, três trilhas foram selecionadas para esse fim: a Castanhal, Gameleira e Sucupira.
As trilhas foram meticulosamente mapeadas, com marcações a cada 50 metros, totalizando 50 quilômetros de percurso. Esse trajeto é dividido em duas campanhas de monitoramento: na primeira, são percorridos 25 km, e na segunda, os outros 25 km. Durante o percurso, especialistas observam e registram a presença de diversas espécies, especialmente no início da manhã, quando a atividade animal é mais intensa e a temperatura mais branda.
O monitoramento de aves e mamíferos foca em grandes mamíferos e espécies do topo da cadeia alimentar, que são cruciais para indicar a qualidade do ambiente. A identificação e a posição das espécies observadas são anotadas, proporcionando dados importantes sobre a distribuição e o comportamento da fauna local. Este trabalho detalhado permite uma avaliação precisa do estado de conservação do Parque.
Para as borboletas frugívoras, armadilhas são distribuídas ao longo das trilhas, contendo alimentos específicos para atrair as espécies. Estas armadilhas são monitoradas ao longo do dia, e as borboletas capturadas são identificadas e catalogadas com a ajuda de guias específicos. Após a identificação, as borboletas são liberadas, garantindo que a atividade não afete negativamente as populações locais.
ETAPAS
Esse trabalho de monitoramento é contínuo e acontece em duas fases anuais: uma no início do inverno e outra no início do verão amazônico. Esse cronograma permite acompanhar as mudanças sazonais na biodiversidade, oferecendo uma visão abrangente e dinâmica do estado de conservação do Parque. Desde 2017, o monitoramento tem sido realizado, mostrando a importância e a eficácia da ação.
De acordo com o biólogo do Ideflor-Bio, Wagner Bastos, os resultados desse monitoramento não só contribuem para a conservação local, mas também fornecem dados valiosos para pesquisas científicas e políticas públicas de conservação em todo o Brasil. “Dessa forma, o trabalho do Ideflor-Bio se destaca como uma iniciativa fundamental para a preservação da biodiversidade na região amazônica”, disse o especialista.
BRIGADISTAS
Além da equipe técnica do órgão ambiental do Governo do Pará, a iniciativa envolve brigadistas, vigilantes ambientais, membros da Gerência da Região Administrativa do Araguaia (GRA), conselheiros do Parque e da Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, condutores de trilha e comunitários locais. Este esforço conjunto garante que o monitoramento seja abrangente e participativo, envolvendo toda a comunidade na conservação ambiental.
O condutor de trilhas, agricultor e morador da APA Araguaia, o qual também é conselheiro, Emival Borges, é um dos que contribui para a ação. Segundo ele, o trabalho desenvolvido é fundamental para saber como é que está a cada ano esse levantamento da fauna, se as espécies têm conseguido se reproduzir ou se houve diminuição. “Desde 2017 tenho participado da atividade, contribuindo para esse levantamento estatístico que é realizado duas vezes ao ano. Espero que a ação continue porque é essencial para nortear pesquisas e medidas mais eficazes de proteção da fauna”, afirmou.
Para a titular da GRA, Laís Mercedes, a ação do Ideflor-Bio no Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas exemplifica a importância do monitoramento da biodiversidade para a conservação das espécies e dos ecossistemas.
“Com dados precisos e detalhados, é possível tomar medidas eficazes para proteger o meio ambiente e garantir a sustentabilidade das áreas protegidas no Pará”, enfatizou a gerente.
Imagens: Agência Pará de Notícias