A campanha alerta para os fatores de risco e sintomas da doença. Por atingir o cérebro, esse tipo de tumor pode afetar diversas funções do corpo.
O tumor cerebral é um tipo de doença que atinge o sistema nervoso central. Ele pode ser primário – quando se origina nas células do cérebro – ou secundário – quando resulta de metástase, ou seja, surge de células tumorais de outros órgãos, como mama, rim e pulmão, os mais comuns.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o Brasil apresenta cerca de 11 mil casos de câncer de cérebro todos os anos. Apesar de parecer um número pequeno em relação ao contingente da população brasileira, é importante ressaltar que é o tipo de câncer que mais mata. Para se ter uma ideia, do total de 11 mil, cerca de 9 mil pessoas morrem vítimas da doença.
Sintomas
Segundo o neurocirurgião Carlos Lisboa Neto, é fundamental ficar atento aos sintomas característicos dessa doença, como dor de cabeça recorrente (principalmente ao acordar), perda visual, perda de força ou de sensibilidade em uma parte do corpo, crises convulsivas, alterações da fala, perda de equilíbrio e alterações hormonais não esclarecidas.
“A orientação é iniciar uma investigação com especialista neurocirurgião para o rastreio de tumores cerebrais. O diagnóstico precoce é a chave para o sucesso do tratamento.”, ressalta
No adulto, a incidência aumenta com a idade, tendo um pico entre os 65 a 75 anos de idade. O tumor mais comum em incidência é o meningioma (tumor das células da meninge aracnóide), seguido de perto por tumores malignos, como o astrocitoma grau 4, conhecido como glioblastoma, um tumor muito agressivo, que cresce e se espalha rapidamente.
Mas vale esclarecer que nem todo o tumor cerebral é câncer. Alguns apresentam características infiltrativas no tecido cerebral. Outros causam problema pela compressão direta. Mas todos devem ser avaliados e a terapia orientada por uma equipe multidisciplinar.
Rayane Aires foi diagnosticada com tumor cerebral aos 30 anos
No início de 2022, Rayane Aires, então com 30 anos, começou a sentir dor de cabeça persistente. Em julho do mesmo ano, buscou ajuda médica e, após exames, foi diagnosticada com um tumor na base do crânio. “Quando recebi a notícia fiquei assustada, porque é um diagnóstico que ninguém quer receber. E o tratamento era cirúrgico.”, conta.
De acordo com o neurocirurgião Carlos Lisboa Neto, que realizou a cirurgia em Rayane, a paciente apresentou um tumor denominado adenoma hipofisário (da glândula hipófise), estrutura importante para o funcionamento hormonal de todo o organismo.
Apesar de, no caso dela, ser um tumor benigno, a cirurgia de retirada foi necessária porque Rayane corria o risco de perder a visão e sofrer outras alterações importantes no organismo.
“O crescimento desse tipo de tumor pode levar à cegueira definitiva pela compressão do nervo óptico. E pode ocasionar lesão de outras estruturas neurológicas, causando dor na cabeça, no rosto, hidrocefalia, ausência da menstruação, produção de leite nas mamas e outras alterações hormonais.”, explica o médico.
Como o tumor de Rayane estava localizado logo abaixo do cérebro, foi possível retirá-lo através do orifício do nariz, com auxílio de uma câmera de endoscopia, uma técnica minimamente invasiva. A cirurgia foi realizada em janeiro de 2023, com a participação dos otorrinolaringologistas Murillo Lobato e Rafael Carvalho e foi considerada um sucesso.
Fatores de Risco
De acordo com o médico, de maneira geral, as causas diretas dos tumores cerebrais ainda são desconhecidas. Alguns meningiomas são responsáveis por aproximadamente 30% dos tumores cerebrais e podem aparecer em pacientes submetidos a efeitos prolongados de radiação.
Outros fatores que aumentam o risco são: deficiência do sistema imunológico, como a provocada pelo HIV; e fatores ocupacionais, como a exposição ao arsênico, chumbo, mercúrio; o trabalho em empresa petroquímica, indústria de borracha, plástico, entre outras; e também na agricultura, devido à exposição aos agrotóxicos.
Diagnóstico
No geral, o primeiro diagnóstico é feito através de exames de imagem, como a tomografia e a ressonância magnética de crânio, podendo ser complementado através de angiografia cerebral, tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética funcional de crânio.
Tratamentos
Dependendo do caso, o tratamento pode ser multimodal (uso simultâneo de diversas terapias de forma separada). Assim, o tratamento pode requerer, além da remoção neurocirúrgica da lesão, a quimioterapia e a radioterapia.
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