Exposição da Coleção de Biojóias do Mãos de Marias e resultados do projeto coordenado pelo coletivo, o Maria Vai com as Outras. Projeto selecionado pelo edital da Lei Paulo GUstavo / Secult-Pa. Neste sábado, 25, das 10h às 18h, no Pólo Joalheiro, dentro da IV Semana Padre Bruno Sechi.
Pessoa influenciável, sem vontade própria, que se deixa levar pela opinião dos outros. Só que não, desta vez o significado de “Maria Vai com as Outras”, selecionado pelo Edital Artesanato da Lei Paulo Gustavo, da Secult-Pa, ganha nova conotação ao unir grupos de mulheres de dois bairros periféricos de Belém, o Bengui e o Tenoné, e marca o reconhecimento do coletivo Mãos de Marias, como uma iniciativa transformadora.
Após um processo de imersão em feiras, visita à Olaria do Espanhol, em Icoaraci, e da capacitação em técnicas de produção de biojoias e cerâmica, visando à geração de renda adicional para as famílias, o projeto “Maria Vai com as Outras” chega ao grande público. Neste final de semana, o projeto ganha lançamento com uma feira que pretende fortalecer o artesanato como empreendedorismo social, promovendo o desenvolvimento econômico e social de mulheres vivendo em bairros periféricos de Belém.
A programação está inserida na IV Semana Padre Bruno Sechi, criador da República de Emaús, onde o Coletivo Mãos de Marias é formado. “Elas são mães de crianças e adolescentes atendidos pela instituição, então ficamos muito felizes em poder fazer esse lançamento aqui, revelando o amadurecimento e a multiplicação do projeto”, diz Val Genú, coordenadora do projeto e artesã reconhecida e premiada, com trabalhos que já extrapolaram as fronteiras do Pará.
Três anos de muito aprendizado e transformação
Formado a partir de oficinas coordenadas por Val, iniciadas em 2021, na República do Emaús, no bairro do Benguí, o Mãos de Marias vem transformando barro em biojóias, utensílios e itens decorativos, demonstrando a força e a criatividade dessas mulheres que agora compartilharam seus conhecimentos e experiências com outras 12 mulheres residentes no bairro do Tenoné.
Assim, as mulheres do Tenoné, além de dedicação e iniciativas próprias de mudar o rumo de suas histórias tiveram como inspiração as mulheres do Benguí, que já se tornaram empreendedoras sociais, desenvolvendo coleções próprias de artesanato e participando ativamente de feiras e eventos.
Neste final de semana, o fruto desse trabalho mútuo será apresentado. E além de apreciar, o público poderá adquirir os produtos feitos pelas participantes do projeto, potencializando o reconhecimento do talento e dedicação das artesãs, e contribuindo para promover o artesanato como uma ferramenta de transformação social e empoderamento feminino.
Relatos de quem transformou biojóias em independência
O projeto “Maria Vai com As Outras” se destaca justamente por sua missão de empoderar mulheres das comunidades periféricas de Belém e vem realizando isso num sentido multiplicador.
“O Mãos de Marias fez uma extensão. Hoje nós temos o Maria Vai com as Outras. As mulheres do Benguí, ensinando as mulheres do Tenoné a fazer a mesma coisa que a gente já faz, ou seja, biojóias e objetos decorativos e utilitários. E o objetivo disso tudo, além de ensinar o ofício, é permitir que essas mulheres encontrem nesse ofício uma forma de somar na sua renda familiar, de alguma forma”, diz Val Genú, que desde março trabalha no projeto.
Primeiro vieram as oficinas que abriram as perspectivas nas mulheres envolvidas de sair da oficina, já conseguindo produzir e somar na sua renda familiar. Elas aprenderam a fazer além das biojóias, peças utilitárias e decorativas. Ao longo do processo, a visita à Olaria do Espanhol foi um dos momentos emocionantes.
“Fizemos uma imersão com todo o grupo pra conhecer aonde tudo isso começou, né? Inclusive é o berço de onde eu vim. Eu posso chamar assim, né? Eu vim de uma técnica com modelagem com material que não era orgânico E o mercado me exigiu, então eu fiquei um ano dentro de uma olaria fazendo um trabalho de corpo a corpo com os oleiros, conhecendo hábitos e costumes. E aí eu não podia fazer diferente com elas, então nós levamos esse grupo pra dentro de uma olaria pra conhecer o dia-a-dia de um oleiro, o momento da queima. Eu fico arrepiada de falar, gente, é de fato emocionante, qualquer um fica”, diz Val.
Elenilda Santos é, além da mais nova empreendedora do ramo, a mulher responsável por tudo isso. Foi ela, na realidade, quem procurou a artesã Val Genú, em busca de um curso de biojóias. Integrante do Centro Social Paula Frassinetti, no Tenoné, e inserida nesta comunidade, vivendo e utilizando esse espaço, sua motivação inicial foi primeiro pessoal, mas um sonho não se realiza só.
“Eu estava num tumulto da perda da minha mãe. Eu queria ocupar o tempo, que ficou ocioso, foi quando encontrei a Val. Só que depois, a gente resolveu expandir isso para um grupo de outras mulheres”, conta Elen, que é formada em Fisioterapia e trabalha em uma UBS da Prefeitura de Belém.
Elen e Val se uniram e foi aí que o Mãos de Maria foi envolvido e que outras mulheres da comunidade do Tenoné também se envolveram. A Débora é uma das mulheres que ouviu o chamado Também integrante do centro social Paula Frassinetti e em tratamento de saúde, ela encontrou no curso também uma terapia.
“Depois que comecei a transformar barro em bijóias até mesmo da minha saúde melhorou, por eu estar vivendo por um tratamento de ansiedade e depressão. O que me trouxe aqui foi a minha saúde principalmente, mas estou amando o curso. Não tinha nenhuma habilidade, mas vim ganhar aqui com a instrutora, com a forma dela estarem passando esse trabalho, esse conhecimento pra gente, com muita dedicação. Elas são ótimas, realmente são Mãos de Marias mesmo”, relata.
Bernadette Pantoja de Almeida é uma das Mãos de Marias e no projeto “Maria Vai com as Outras” foi monitora do curso. “Tô passando um pouco da minha experiência pra outras mulheres e pra mim está sendo uma alegria muito grande. Meu coração está explodindo de alegria por poder passar um pouco do meu conhecimento para outras pessoas, para outras mulheres nesse caso. É só gratidão, sou muito grata por tudo que eu Aprendi até hoje. Minha vida teve uma mudança fundamental depois do que eu aprendi com esse curso da Biojoia. Tá fazendo três, quando demos início aos cursos no Movimento República de Emaús. E isso mudou a minha vida profundamente”, finaliza.
Serviço
Exposição da Coleção de Biojóias do Mãos de Marias e resultados do projeto coordenado pelo coletivo, o “Maria Vai com as Outras”- Projeto selecionado pelo edital de Artesanato da Lei Paulo Gustavo / Secult-Pa. Lançamento neste sábado, 25, das 10h às 18h, no Pólo Joalheiro – São José Liberto, dentro da IV Semana Padre Bruno Sechi.
Fotos: Divulgação