Experiência imersiva do artista Rafael RG integra a programação do XV Enpec e promove o encontro entre arte, ciência, história e ancestralidade
Durante o XV Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (Enpec), que acontece pela primeira vez na Região Norte entre os dias 4 e 8 de agosto, Belém será palco de uma experiência inédita que une arte, ciência e memória ancestral. No dia 6, o Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPPA), da Universidade do Estado do Pará (Uepa), receberá a sessão imersiva “Ao Cair da Noite, Eu Me Guiarei pelo Brilho dos Seus Olhos”, criada pelo artista visual e escritor Rafael RG.
A apresentação acontece às 8h30, exclusivamente para os participantes do Enpec, na cúpula de projeção Kwarahy. A proposta mistura dados astronômicos com relatos históricos de rotas de fuga de pessoas negras escravizadas no Brasil, revelando como o céu noturno se tornava mapa e guia na busca por liberdade.
Uma escuta do céu e dos rios da Amazônia
A sessão se baseia na investigação de anúncios de fuga publicados no período colonial, cruzando essas informações com dados astronômicos reais da época, para identificar quais estrelas e constelações poderiam ter orientado essas jornadas. É um convite à reflexão sobre resistência, memória e diferentes formas de saber.
Para Rafael RG, apresentar esse trabalho em Belém tem significado especial. “Evoca as fugas negras pela floresta, os caminhos traçados sob a luz das estrelas. Compartilhar isso com pesquisadores da ciência e da educação, numa cidade como Belém, onde os rios ainda sussurram essas memórias, é uma forma de criar pontes entre diferentes formas de conhecimento”, explica o artista.
A sessão será seguida de um debate com o próprio Rafael RG e com o professor Alan Alves Brito, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que colaborou como consultor de Astronomia na leitura de cartas celestes que embasam a narrativa.
“Essa proposta propõe uma escuta do céu e dos rios da Amazônia, a partir das histórias de resistência de pessoas negras. Fazer isso diante de uma comunidade que pensa a educação e os saberes em suas múltiplas formas torna a experiência ainda mais significativa”, afirma Alan Brito.
Exibições abertas ao público
Além da sessão restrita ao Enpec, o Planetário oferecerá duas sessões abertas ao público:
Quarta-feira (6/08), às 17h – com entrada gratuita
Sábado (9/08), às 11h – ingressos a R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada)
Diálogo entre saberes
Para a coordenadora-geral do XV Enpec, Silvia Chaves, a atividade é um exemplo de como a ciência pode dialogar com outras linguagens. “É uma oportunidade única de valorizar encontros de saberes plurais, oferecendo ao público uma experiência imersiva que articula narrativas históricas, memórias negras e astronomia”, afirma.
Ela também ressalta a importância da parceria entre as instituições envolvidas. “A realização da sessão em parceria entre UFPA e Uepa reforça o compromisso com a construção de diálogos interdisciplinares e com a valorização da diversidade de saberes que marcam a nossa história”, completa.
Orgulho para o Planetário
O diretor do CCPPA, professor José Roberto Silva, celebra a parceria com entusiasmo. “É com muita satisfação que o Planetário do Pará integra esse importante evento nacional. Nosso objetivo é justamente promover a divulgação científica de forma acessível e criativa. Receber uma sessão como essa, que combina arte, ciência e resistência, é uma honra para nós”, declarou.
Imagem: Agência Pará