“O futebol paraense, em especial em Belém, sofre fortes influências de dois tons de azul – o do Paysandu e o do Remo –, em uma rivalidade secular que molda nossa identidade ou, até mais, agrega ao nosso DNA. Essa rivalidade, que faz de Paysandu e Remo potências nacionais, é saudável e necessária, e jamais poderá ser diminuída por ninguém. Mas nós, que lideramos o futebol paraense, temos a responsabilidade de ir além das arquibancadas. Devemos ter uma visão de Estado, deixando o “eu” em favor do “nós”, unindo todas as forças para fazer do nosso futebol algo ainda maior”. As palavras foram proferidas por Ricardo Gluck Paul, presidente da Federação Paraense de Futebol – FPF.
Segundo ele, o recente acesso do Remo à Série B simboliza o extraordinário momento do futebol no Pará. Nos últimos dois anos, foram conquistados quatro acessos no masculino e feminino, levando Paysandu e Remo à Série B em ambas as categorias. Trata-se de um marco histórico. “Esse feito acontece na mesma semana em que recebemos a comissão da FIFA para avaliar nosso estádio como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027 e no dia da estreia da árbitra paraense Gleika Pinheiro na Série A”, lembra o dirigente.
Para ele, o Pará está crescendo em todas as frentes. “Aumentamos de 5 para 37 competições anuais, e este ano alcançaremos mil jogos de base, do sub-20 ao sub-9. Criamos a Copa Grão Pará, a Supercopa Grão Pará e várias outras novas competições, democratizando a conquista de Taças, motor de todo Clube de futebol. Indo além, batemos recorde de competições femininas e fortalecemos o esporte amador. A Supercopa Rei de 2025 será em Belém. O Pará está em plena ascensão e esse crescimento é fruto da união de todos – clubes, governo e federação”, disse o cartola.
“Por tudo isso, sem medo de bola dividida, me sinto muito à vontade para abordar um ponto bastante sensível, “como um ex-presidente do Paysandu pode vibrar com o sucesso do Remo?”. Na cabeça do torcedor reconheço que seja difícil de entender, mas, para nós que atuamos em gestão, isso se explica pela visão de Estado – a visão do “nós”. Como presidente da Federação, represento todos os clubes do Pará. Minha missão é trabalhar por todos, todos, independentemente de cores e bandeiras, com caráter e honestidade de propósito! E por essa razão, sim, vibro honestamente com o sucesso de todos os clubes paraenses!”
Ainda conforme Gluck Paul, ele tem orgulho de ter contribuído para o acesso do Remo, assim como diz ter se empenhado pelo acesso do Paysandu em 2023 e por todos os clubes do Estado. “O sucesso de um é o sucesso de todos, e a união das forças dessas duas locomotivas é uma estratégica e potente mola propulsora de fortalecimento do nosso futebol”.
Ressaltou o cartola que o governador Helder Barbalho, torcedor do Remo, é um exemplo claro dessa visão, que não mede esforços para apoiar tanto Paysandu quanto Remo, sempre trabalhando e vibrando com as conquistas de ambos. “Experimentei isso na pele. Quando presidia o Paysandu, vivi um dos momentos mais dramáticos da história do clube, no auge da pandemia, e foi justamente o empenho pessoal do governador que se mostrou decisivo para a sobrevivência do Paysandu naquele período tão difícil. É essa liderança que compartilhamos, a mesma que me faz, mesmo como ex-presidente do Paysandu, vibrar e trabalhar pelo Clube do Remo, entendendo que o sucesso do futebol paraense é um bem maior que ultrapassa as fronteiras clubísticas”.
Conforme Gluck Paulo, este momento é de união! “E o que me enche de maior orgulho não é apenas o acesso do Remo ou a ascensão do Paysandu, mas a oportunidade que tenho de liderar este movimento estratégico no ano em que Belém será o centro das atenções com a COP30. A cultura do “nós” certamente levará o futebol paraense a novos patamares. Essa é a minha maior missão: ajustar o caminho, apontar a direção, e garantir que o Pará siga em ascensão rumo à grandeza que sempre lhe pertenceu”.
Imagem: Nonato Batista/Ronabar