Cleide Moraes, conhecida como “Rainha da Saudade”, completa quatro anos de morta nessa sexta-feira, 26. Ela morreu na Rodovia Augusto Meira Filho, a Estrada de Mosqueiro, quando a Kombi em que viajava para fazer um show na bucólica foi atingida por um carro conduzido por motorista bêbado e cujo crime, de homicídio privilegiado, segue sem respostas, segundo a família da artista.
No próximi-o domingo, 28, uma missa em homenagem à cantora será realizada na Paróquia Santuário Nossa Senhora do Ó, na ilha de Mosqueiro, em Belém. Na mesma data (26), é comemorado o Dia da Música Brega, criado em memória de Cleide.
O acusado do crime, Victor Hugo dos Reis Morais, responde em liberdade. Segundo a família de Cleide Moraes, atualmente, ele recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de provar sua inocência, após ter vários pedidos e recursos negados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA).
“A gente fica aguardando a Justiça. Desde o começo, ele fez várias manobras. Trocou umas três vezes de escritório de advocacia, entrou com recurso três vezes. Agora, ele está na quarta vez, entrando com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), para ver se ele consegue se inocentar”, disse Brenda Moraes, filha de Cleide Moraes.
De acordo com Brenda, a indignação da família é compartilhada por muitos paraenses que ainda buscam respostas sobre a morte da “Rainha da Saudade”. “O que nos causa indignação é que tem cinco testemunhas, inclusive um sargento que atendeu a ocorrência. Constatou no depoimento dele que estava visivelmente alcoolizado, alterado, por isso, ele foi algemado. Ele queria agredir as pessoas. Cinco testemunhas relatam o mesmo fato. Mesmo assim, ele está solto, ganhando tempo em liberdade. É uma resposta que nunca chega”, afirmou Brenda Moraes.
“Isso faz com que não só a minha família procure justiça, resposta, mas toda a sociedade paraense que me cobra, faz movimento. Dia 26, por exemplo, teremos o Dia da Música Brega, em homenagem à Cleide Moraes”, acrescentou Brenda.
Victor Hugo dos Reis Morais alega que o ocorrido foi um acidente, mas a família da cantora discorda. “Ele alega que não teve culpa. Que o que aconteceu foi um acidente, o que eu considero como um assassinato no trânsito. O fato de ele estar embriagado, invadir a contramão e bater a minha mãe, ele teve consciência do que ele estava fazendo”, destacou a filha da cantora.
Brenda Moraes também contesta as alegações de Victor Hugo sobre as circunstâncias do acidente. “Ele provocou bebendo, numa via que é totalmente sinalizada: tem placa, é pintada, é toda capinada na lateral, e o indivíduo fazer o que ele fez? Uma pessoa não diz que não teve culpa. Claro que teve!”, afirmou.
A dor da perda de Cleide Moraes ainda é muito presente para a família e para os fãs da cantora. “É uma dor que nunca passa. Uma semana que a gente passa orando muito, pedindo forças para Deus. A gente quer que ele responda pelos danos que ele nos causou. Não causou somente à minha família, mas aos amigos, à sociedade, aos fãs, toda uma legião que se alegrava com a música que ela transmitia, as igrejas que ela ajudava”, disse Brenda, emocionada.
A busca por justiça continua a ser uma batalha diária para a família Moraes. “Que ele pague por todo esse sofrimento, por todo esse buraco que foi deixado com a ausência dela”, concluiu Brenda Moraes, em um apelo por justiça.
RELEMBRE O CASO
O acidente que vitimou Cleide Moraes aconteceu na noite do dia 26 de julho de 2020, um domingo, na rodovia PA-391, a Belém-Mosqueiro, perto do município de Santa Bárbara. A cantora havia feito um show em Icoaraci e estava a caminho de Mosqueiro, quando o veículo em que viajava, a sua Kombi, foi atingido pelo carro dirigido por Victor Hugo. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
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