Na manhã desta terça-feira, 26, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), por meio da Diretoria de Política de Segurança Pública e Prevenção Social (DPS), em parceria com a Diretoria de Ensino e Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DEP/Senasp/MJSP), realizou a abertura do “Curso Nacional de Atendimento às Mulheres e Meninas em Situação de Violência”. O curso objetiva capacitar os profissionais das Guardas Municipais e Policiais Militares de todo o País, para a prestação de um atendimento especializado e humanizado às mulheres e meninas em situação de violência.
Representantes de sete estados da federação, sendo eles Pará, Amapá, Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Tocantins participam do encontro que acontece na Universidade da Amazônia, Unama, Campus da Alcindo Cacela, em Belém. A capacitação conta com o total de 38 participantes e finaliza no próximo dia 04 de dezembro.
“Nós estamos felizes em ser o Estado que recebe a quarta edição dessa qualificação promovida pelo Ministério da Justiça, por meio da Senasp em parceria com a Segup, visto que é de extrema importância para a segurança pública em todo o País tratar essa temática, visando capacitar, cada vez mais, os agentes que atuam na linha de frente e toda a rede de proteção no combate a violência contra os grupos vulneráveis, nesse caso contra as meninas e mulheres. O objetivo dos próximos dias aqui não é apenas passar conteúdo teórico, mas principalmente trocar informações e estratégias para que em cada estado as ações sejam aprimoradas, as mulheres sejam melhores acolhidas e não sejam revitimizadas. Portanto, estamos à disposição para auxiliar, cada vez mais, e contribuir para que os dados desse tipo de violência reduza cada dia mais”, afirmou Ualame Machado, titular da Segup.
O curso é voltado aos profissionais que atuam nas Polícias Militares e Guardas Civis Municipais da região Norte do Brasil. Durante as aulas serão ministradas disciplinas a exemplo: Entendendo o que é gênero, desigualdades e violências, Legislação aplicada à violência de gênero, Acolhimento e atendimentos iniciais: Protocolos de atendimento à ocorrências policiais de violência doméstica, Operacionalização das medidas protetivas no contexto da segurança pública, Monitoramento e acompanhamento de vítimas, entre outras. O curso tem carga horária total de 60h.
A palestrante, Maria Clarice Leonel, diretora de Articulação de Políticas para Mulheres da Secretaria Estadual das Mulheres, falou sobre o tema: Feminicídio Zero – A violência de gênero e a morte anunciada de mulheres, que fez parte da abertura do curso.
“Nós precisamos falar sobre a violência de gênero, debater sobre práticas que estão presentes no dia a dia de nossa sociedade e buscar incluir os homens nisso para que o machismo possa ser reduzido, assim como a violência contra as mulheres. Se nós não levarmos esse debate também para todos, não teremos redução nessa violência. E para vocês, como agentes multiplicadores na esfera da Segurança Pública, é muito importante que se trabalhe o atendimento humanizado, a escuta especializada, qualificada, fazendo um exercício do estranhamento, de se colocar no lugar daquela vítima”, afirmou Maria Clarice.
Ela acrescentou: “É importante pararmos para pensar ‘e Se fosse com a minha mãe, se fosse com a minha filha, como eu acolheria e lidaria com elas em um caso de violência?’. Isso, sem dúvidas, auxilia no atendimento que é oferecido a todas. Para isso, a gente sempre deve respeitar uma vítima no atendimento, que muitas vezes só consegue expressar por meio do choro, e a rede de proteção é quem deve acolher, esperar, escutar, para que a pessoa não seja reutilizada. Então os encorajo a pesquisarem, se capacitarem cada vez mais sobre a política de cuidados, pois é fundamental para o cenário da segurança pública em nosso país”.
A sargento da Polícia Militar do Amazonas, Enilda fala sobre a importância de trocar experiências e vivências profissionais com os demais agentes de segurança do norte do País, além de destacar a importância de mais conhecimento para o acolhimento às vítimas de violência.
“Esse curso é de nível multiplicador então iremos agregar esse conhecimento e levar também para a nossa unidade e compartilhar com os demais colegas que não puderam vir. Estamos aqui para compartilhar conhecimento e quanto mais conhecimento nós adquirimos isso nos possibilita um trabalho mais técnico e poder fazer uma intervenção mais cirúrgica, com menos julgamento de valores, sendo essa a intenção do nosso trabalho. Auxiliar no empoderamento e fortalecimento da mulher para que ela possa romper com o ciclo da violência. Esse trabalho nos ajuda também a aflorar a nossa humanidade, porque você se coloca no lugar do outro. Você acolhe essa mulher, em situação de vulnerabilidade, e primeiramente, faz com que ela sinta que tem alguém ali para ajudá-la a sair da situação de vulnerabilidade, violência. O conhecimento e o estudo sobre essa temática nos ajuda de forma essencial para que possamos fazer essa intervenção”, ressaltou.
Fonte: Agência Pará/Foto: Cesar Filho