Para fortalecer as políticas públicas de inclusão social, o Governo do Pará investe na qualificação de profissionais por meio de cursos gratuitos de Língua Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo é promover uma comunicação efetiva com pessoas surdas, e assim garantir atendimento de qualidade a esse segmento da população. A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) e a Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferecem treinamentos e cursos na área.
O Programa “Capacita COP 30”, desenvolvido pela Sectet visando à preparação de profissionais para a conferência mundial sobre mudanças climáticas, já está na segunda fase. Neste segundo semestre de 2024 serão oferecidas 1.500 vagas, distribuídas por 45 cursos em Turismo, Libras, Hospitalidade, Produção alimentícia, Infraestrutura e Segurança no trabalho. As inscrições aos cursos de Libras para iniciantes já estão abertas, e podem ser realizadas na plataforma oficial do programa – capacitacop30.pa.gov.br -, com início das aulas previsto para 12 de agosto (segunda-feira). Em Belém, o curso de Libras para iniciantes será ministrado na Escola Técnica Deodoro de Mendonça. A primeira turma terá 30 alunos.
“O curso de Libras é fundamental para promover inclusão, acessibilidade e capacitação da população, para que possa haver a comunicação eficaz com a comunidade surda. Ao aprender Libras, nós estamos também ampliando as oportunidades profissionais dos alunos, e construindo uma sociedade mais justa e inclusiva”, ressalta Victor Dias, titular da Sectet.
CIIR: aprendizado em módulos – Os treinamentos de “Libras em Serviço”, promovido pelo CIIR, é dividido em três módulos ao longo do ano. O primeiro aborda a estrutura básica, o alfabeto manual, números, saudações e cumprimentos. O segundo módulo traz os verbos e inicia as tratativas de diálogo com perguntas – por exemplo, se o usuário tem agendamento de serviço. Na última etapa do treinamento, a aprendizagem chega à conversação.
“Considero de suma importância a capacitação em Libras para todos os profissionais que atuam na rede de atenção à saúde, especialmente por sermos uma referência para a comunidade surda. Entendemos que é primordial oferecer essa possibilidade aos nossos colaboradores, para que possam se comunicar de forma efetiva com os usuários. A comunicação é uma parte crucial no cuidado, e a instituição tem como compromisso prioritário estabelecer um cuidado individualizado, respeitando as particularidades de cada indivíduo e garantindo, assim, um atendimento equitativo a todos”, ressalta Rejane Xavier, diretora Executiva do CIIR.
Como resultado dos treinamentos, atualmente alguns profissionais conseguem se comunicar diretamente com o usuário surdo, prestando um serviço mais eficiente. O CIIR oferece a interpretação simultânea da comunicação entre surdos e ouvintes em ambientes do Centro ou on-line, pela plataforma digital WhatsApp. O usuário surdo ou com alguma particularidade auditiva, que usa a Língua Brasileira de Sinais para se comunicar, conta com o apoio da profissional intérprete durante todo o atendimento prestado pela unidade.
Nível superior – O curso de Letras/Libras da Uepa oferece a formação bilíngue, para dar visibilidade às diversidades de verbos visuais, às identidades e à inclusão linguística das comunidades surdas. Mais de 167 alunos (surdos e ouvintes) já são graduados. O curso de Letras/Libras não forma intérpretes da Língua de Sinais. Mas quem faz essa licenciatura pode buscar a especialização lato sensu em Interpretação de Libras e atuar como intérprete.
Aluna da Uepa, Denise Ciz Tabaraná, 58 anos, afirma que trabalhar com pessoas surdas será uma realização em sua vida, pois deseja fazer a diferença nas relações e na comunicação entre as pessoas. “O curso de Letras/Libras é desafiador, um aprendizado indispensável para promover a inclusão social da comunidade surda. A comunicação entre seres humanos é vital. Entender e fazer entender o uso da Língua Brasileira de Sinais, garantindo sua interação cultural e social, é fundamental. Para combater as barreiras da comunicação, a importância da capacitação profissional com fluência em Libras é essencial, evitando o isolamento social, elevando a autoestima, valorizando a pessoa surda e garantindo seus direitos”, reitera Denise.
Fonte: Agência Pará/Foto: Ricardo Amanajás/Ag Pará