quarta-feira, fevereiro 5, 2025
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Escola do Aurá recebe prêmio do Instituto Tomie Ohtake referente às melhores práticas pedagógicas do Brasil

O projeto “Tecendo Paneiros e Saberes”, desenvolvido na Unidade Pedagógica Nossa Senhora dos Navegantes, da rede municipal de educação, figura entre as dez melhores práticas pedagógicas do Brasil. Quatro professores da Secretaria Municipal de Educação (Semec) receberam no último sábado, 14, em São Paulo, o certificado de premiação conferido pelo Instituto Tomie Ohtake à escola, localizada à margem esquerda do igarapé Aurá.

Miguel Picanço, Ângela Pantoja, Adriana Monteiro e Carlos Santos participaram da solenidade da 8ª Edição do Prêmio Territórios Tomie Ohtake, que busca ações pedagógicas de escolas públicas brasileiras integradas a seus territórios, desenvolvendo a construção e a valorização dos saberes presentes em suas comunidades.

O projeto “Tecendo Paneiros e Saberes” disputou a premiação com mais de 200 experiências. A proposta de trabalhar a alfabetização utilizando a cultura local de produção de utensílios, como paneiros, abanos e rasas, a partir do uso da fibra de guarumã, está vinculada à valorização da cultura do ribeirinho. Foi com base nesse patrimônio que os professores trabalharam a escrita e a matemática em sala de aula.

LINGUAGEM DE IDENTIDADE

O titular da Coordenadoria da Ejai, Miguel Picanço, que em 2023 participou da busca ativa para identificar homens e mulheres que não tiveram acesso à escola quando eram mais jovens, explica que a experiência é um desdobramento de uma ação pedagógica maior, o projeto “Alfabetização à Mesa”, que tem a comida como linguagem de identidade e de pertencimento aos territórios amazônicos, em particular dos territórios ribeirinhos.

INCENTIVO

O Prêmio Territórios conta com o patrocínio do Instituto CCR, com recursos captados através do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura. A 8ª Edição do Prêmio Territórios Tomie Ohtake buscou ações pedagógicas de escolas públicas brasileiras integradas a seus territórios, de forma articulada com os agentes e espaços, para a construção e valorização dos saberes presentes em suas comunidades.

Além da Unidade Pedagógica Navegantes, foram premiadas as seguintes escolas: Colégio Estadual Indígena “Yvy Porã” (Terra Sagrada), na Terra Indígena Pinhalzinho, em Tomazina (PR), que desenvolveu o projeto “Meu rio também é digital”. Escola Estadual Geraldo Jardim Linhares, que fica no  território da Cabana do Pai Tomás, uma das favelas mais antigas da cidade de Belo Horizonte (MG), que desenvolveu o projeto “Mapeando Minha Quebrada. Também foi premiada a Escola Estadual Indígena Lino Augusto da Silva, na Terra Indígena São Marcos, no município de Boa Vista (RR), que criou um estúdio para a produção de conteúdo educativo e cultural na língua Macuxi. A Escola Municipal Aba Tapeba, localizada na Aldeia Jandaiguaba, em Caucaia (CE), que realizou o projeto “Carnaúba 360º” para exaltar a árvore-símbolo do povo Tapeba, fundamental na confecção de seus trajes e cocares tradicionais. Da Paraíba entrou a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Azevedo, do município de Baía da Traição, com o projeto “Super Atletas”, destacando a participação e a integração de pessoas com deficiência e pertencentes ao povo Potiguara, grupos historicamente marcados por um contexto de exclusão, preconceito e discriminação.

Outra experiência premiada foi a da Escola Municipal João Lino, localizada no Pelourinho, em Salvador (BA), com o projeto “Eu, criança do Pelô”. De Sergipe entrou a Escola Municipal Tennyson Fontes, no Povoado Muquém, município de Itabaianinha (SE), com um trabalho de pesquisa e valorização da produção das artesãs vassoureiras, tendo como matéria-prima a pindoba.

De Aparecida de Goiânia (GO), a Escola Municipal Terra Prometida trabalhou o estudo das abelhas sem ferrão ao currículo, promovendo a conscientização ambiental e a preservação das espécies. Da cidade de Capivari (SP), onde se localiza o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus Capivari, foi criado o projeto “Cartilha educacional: Aprendendo com o batuque de umbigada paulista”.

A escola alfabetiza utilizando utilizando letras como A de açaí; P de paneiro; e R de rasa, produtos do cotidiano dos ribeirinhos

PREMIAÇÃO

Os prêmios foram a doação de livros para compor o acervo escolar, oferecidos por editoras parceiras do Instituto; um minidocumentário com os processos e resultados da iniciativa pedagógica, a ser veiculado nos canais de comunicação do Instituto Tomie Ohtake; uma bolsa de estudos para um curso de graduação oferecido pela Estácio, que poderá ser utilizada por um estudante, professor ou parceiro do projeto; e apoio financeiro de R$ 8,5 mil para o desenvolvimento da iniciativa pedagógica.

Imagens: Agência Belém

Miguel Picanço, Adriana Monteiro, Angela Pantoja e Carlos Santos, da Coejai

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