domingo, março 9, 2025
Desde 1876

Exposição em São Paulo exalta produção fotográfica de mulheres do Pará

São mais de 180 obras no Centro Cultural Banco do Brasil

Neste sábado em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo inaugura a exposição Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará

A mostra, inédita, traça um panorama da fotografia feita por mulheres amazônicas, apresentando a pluralidade do Pará capturada por meio do olhar de 11 grandes fotógrafas da região.

A mostra nasce de um extenso trabalho de pesquisa que vem sendo realizado há mais de uma década e propõe reflexões sobre questões envolvendo a identidade, o território e a memória. 

O projeto é do Museu das Mulheres e tem curadoria de Sissa Aneleh, que também é diretora do museu e que conversou com a Agência Brasil:

“Nessa mostra estamos apresentando um capítulo da história da fotografia brasileira que está faltando incluir: as mulheres, em especial as mulheres do Norte.”

As cerca de 180 obras apresentadas – entre fotografias, áudios e vídeos – revelam a força e sensibilidade das narrativas visuais que traduzem a riqueza cultural e social da Amazônia, muitas delas atravessadas pelo olhar feminino e pela resistência de mulheres que fazem parte desse território. 

“Quando a gente fala em Amazônia, a gente logo imagina que a Amazônia é floresta, povos indígenas e povos africanos, mas a gente também tem um lado urbano e contemporâneo [apresentado na exposição].”

Gerações

A mostra traça um panorama de mais de 40 anos de produção fotográfica feminina na Amazônia, reunindo gerações de artistas que exploram desde a experimentação visual até a documentação social. 

A mostra é composta por trabalhos de Bárbara Freire, Cláudia Leão, Leila Jinkings, Paula Sampaio, Walda Marques, Evna Moura, Deia Lima, Jacy Santos, Nailana Thiely, Renata Aguiar e Nay Jinknss.

“Pela primeira vez estão reunidas três gerações de fotógrafas do Pará. A primeira geração, que eu considero como as pioneiras, são pioneiras da fotografia objetiva, documental e de viagem. Há também as fotografias experimentais, que já são um outro grupo de artistas que estão trabalhando hibridismo e tecnologias na fotografia. E há as fotógrafas voltadas para o contemporâneo, mais híbridas e com outros elementos artísticos e estéticos”, explicou a curadora.

Essas fotografias mostram não só a natureza exuberante do Norte do país, como também os costumes, culturas e as pessoas que vivem e fundamentam essa região, principalmente as mulheres. Entre elas, as erveiras do Mercado Ver-o-Peso, de Belém, um dos mercados públicos mais antigos do país.

“Qual é o grande diferencial da fotografia feminina artística paraense? O foco é o universo feminino. O foco são as mulheres de todas as idades, etnias e religiosidades. Temos um universo vasto plural do feminino.”

“Os vetores que guiam as mulheres [fotógrafas do Pará] é toda a cultura e a identidade que fazem com que elas tenham essa preferência pelo que é local ou regional”, destacou.

Outra característica fortemente relacionada a essas fotógrafas é o afeto. “Uma coisa muito interessante também é a fotografia afetiva porque existe um olhar muito carinhoso sobre essas mulheres de todas as idades, de todas as etnias e diversidades humanas”, explicou a curadora. 

“Para elas fotografarem é preciso haver uma intimidade muito grande com a pessoa fotografada, uma proximidade e um respeito.”

Percurso

A exposição tem início no 4° andar do CCBB e segue até o subsolo, permitindo até mesmo uma experiência sensorial. As paredes dos dois andares iniciais, por exemplo, têm a cor do açaí branco e as fotografias apresentadas são mais experimentais, voltadas à manipulação de imagens.

Já o 2º andar é mais colorido e tem suas paredes pintadas na cor mais conhecida do açaí, fruto brasileiro que é cultivado principalmente na região amazônica. Esse andar destaca as narrativas afro-indígenas e quilombolas, ressignificando o poder da imagem como instrumento de resistência e afirmação cultural. 

Aqui também a fotografia é explorada como registro da cultura, da religiosidade e do cotidiano amazônico. As imagens apresentadas nesse andar capturam a vida ribeirinha e urbana e as festas populares, como o Círio de Nazaré.

No térreo, a experiência é mais imersiva e sensorial. Ali foi instalada uma oca, que serve de cenário para se assistir a um filme em Realidade Expandida. O filme Mukatu’hary (Curandeira) conduz o visitante a uma aldeia indígena de paisagem milenar para uma imersão na musicalidade e nos rituais ancestrais de Maputyra Guajajara.

No subsolo, por sua vez, a exposição apresenta trabalhos em preto e branco, ressaltando a relação entre regionalidade, território e memória. As obras expostas reafirmam que a fotografia é mais do que um registro – é um meio de contar e preservar histórias.

Atividades extras

Por diversos pontos do edifício, o visitante poderá completar sua experiência com Realidade Aumentada, que será acionada por meio de QR Codes espalhados pelos andares do CCBB. 

No segundo andar também há a instalação aromática, inspirada nas mulheres indígenas, e que aproxima os visitantes dos cheiros da Amazônia com seis perfumes preparados exclusivamente para a exposição.

Na tarde deste sábado, a partir das 14h, haverá a apresentação Som em Cena: Encantarias Amazônidas, uma experiência sonora. E a partir das 16h começa o show Vertentes: Ritmos do Pará, com Ellie Valente e Liége. Toda a programação é gratuita.

Além disso, durante o período expositivo devem ocorrer performances, oficinas de produção de amuletos, contação de histórias, mediação de leitura e atividades infantis tais como oficinas de fotografias.

Mais informações sobre a exposição, que fica em cartaz até o dia 5 de maio, podem ser encontradas no site. A entrada no CCBB em São Paulo é gratuita.

Foto: Reprodução CCBB

Reprodução: Ag.Brasil

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