Durante um ato realizado no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, nesta quinta-feira (10), o governo federal e organizações indígenas anunciaram a criação da Comissão Internacional Indígena para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro deste ano, em Belém (PA). O ATL é considerado o maior encontro anual dos povos indígenas no Brasil, reunindo lideranças de diversas regiões do país.
A Comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e composta por representantes de importantes entidades indígenas nacionais e internacionais: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), G9 da Amazônia Indígena, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Caucus Indígena, Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas, Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e a Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC).
Em sua fala durante o evento, Guajajara destacou a importância de colocar os povos originários no centro das discussões climáticas globais. “Nós sempre lutamos para que os povos indígenas estivessem no centro desse debate. E nós lutamos para que os povos indígenas estejam como parte importante dessa discussão porque, comprovadamente, os territórios indígenas funcionam como essa barreira contra o avanço das monoculturas, mineração e agronegócio”, afirmou.
A atuação da Comissão Internacional Indígena será integrada ao chamado Círculo dos Povos, uma das inovações propostas pela presidência brasileira da COP30. Essa estrutura visa ampliar a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais nas negociações e definição das metas climáticas durante a conferência. Segundo Ana Toni, diretora-executiva da COP30 e secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, “o Círculo dos Povos é fundamental para ter uma ligação direta entre a presidência da COP e os povos indígenas”.
Além do Círculo dos Povos, estão previstos mais três grupos de incidência para contribuir com as discussões oficiais da COP30. O primeiro será liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, com participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. O segundo reunirá ministros da Fazenda de diversos países, sob coordenação do ministro brasileiro Fernando Haddad. Por fim, o terceiro será composto por ex-presidentes de edições anteriores da COP, que trarão suas experiências e perspectivas para enriquecer os debates.
A criação da Comissão Internacional Indígena representa um marco histórico na construção de uma agenda climática global mais inclusiva e plural, reafirmando o papel central dos povos indígenas na preservação ambiental e no combate à crise climática.
Por: Thays Garcia
Imagem: Fernando Frazão