Pesquisas revelam atrasos em habilidades sociais, linguagem e aprendizagem entre crianças que passaram os primeiros anos de vida em isolamento.
Cinco anos após o início da pandemia de covid-19, começam a surgir dados mais claros sobre os efeitos de longo prazo nas crianças pequenas, especialmente aquelas que eram bebês durante os períodos de maior isolamento.
Professores relatam mudanças no comportamento e desenvolvimento físico e emocional dos alunos. Segundo a educadora Rebekah Underwood, nos Estados Unidos, muitas crianças têm dificuldades simples, como dar cambalhotas ou lidar com barulhos em sala de aula algo incomum antes da pandemia.
Estudos científicos reforçam essas observações. Pesquisadores no Reino Unido e nos EUA detectaram atrasos no vocabulário, nas habilidades de raciocínio, na comunicação social e até na alfabetização. Crianças que viveram seus primeiros anos em ambientes fechados, sem contato com outras pessoas, mostram sinais de maior timidez, ansiedade e dependência dos pais.
Além disso, os prejuízos educacionais são significativos: perdas de até sete meses de aprendizado em matemática e leitura foram registradas, especialmente entre alunos de comunidades vulneráveis. A defasagem pode resultar em impactos econômicos futuros, como salários menores e dificuldades no mercado de trabalho.
Problemas de saúde física também surgiram. A obesidade infantil aumentou durante os lockdowns, e o sedentarismo afetou o bem-estar geral.
Apesar do cenário preocupante, especialistas afirmam que é possível reverter parte desses efeitos com intervenções educativas, apoio psicológico e políticas públicas eficazes. Mas o alerta é claro: sem ações imediatas, a geração da pandemia poderá enfrentar desafios ainda maiores no futuro.
Com informações BBC Future
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