Você já parou para pensar quem foi o seu herói ou heroína na infância? Aquele personagem que, mesmo sem conhecer pessoalmente, era uma inspiração e um modelo a seguir? Para muita gente, independentemente de gênero ou cor, esse herói era um homem branco. Eu mesma, que sou mulher negra, cresci admirando o Superman sua bondade, sua força, seu jeito de proteger o mundo.
Mas e as referências negras? Para quem nasceu nos anos 80, como eu, era raro ver nas telas personagens negras com protagonismo ou força. Imagine ligar a TV hoje e encontrar não só uma, mas várias protagonistas negras em novelas e filmes, como Taís Araújo em Vale Tudo, Angela Bassett em Wakanda Forever ou Viola Davis em Mulher Rei. É uma evolução, mas ainda estamos longe do ideal.
Agora, pense nas grandes empresas. Se eu te perguntar: “Qual CEO negra está atualmente liderando uma grande empresa, com faturamento acima de R$ 1 bilhão?”, será que vem algum nome à sua cabeça? Se pensou, parabéns. Para muita gente, essa resposta ainda causa um “apagão”. Eu mesmo tive que pesquisar para lembrar nomes, como Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, e Thasunda Duckett, CEO da americana TIAA.
O contraste é evidente. Conseguimos ver heroínas negras na ficção, mas no mundo real, nas salas de comando das grandes empresas, elas ainda são raras. E isso não é apenas uma questão de representatividade na mídia é uma questão estrutural. O problema é que, se nossas crianças continuam vendo o poder associado principalmente a corpos brancos, seja no herói que voa ou no executivo que decide, estamos limitando o horizonte delas.
Neste Julho das Pretas, mês que celebra figuras como a líder quilombola Tereza de Benguela, é urgente pensar: por que ainda não popularizamos o extraordinário nas mulheres negras, nas telas e também nas lideranças? Porque onde não há espelho, não há horizonte.
Se queremos um futuro diverso e justo, precisamos mostrar que poder e liderança também têm rosto negro. E que nossas crianças possam crescer sonhando alto com super-heróis e CEOs que representem quem elas são.
Por: Thays Garcia/ A Província do Pará
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