O ator Bruno Gagliasso e sua esposa, a atriz Giovanna Ewbank, relataram, nesta sexta-feira (23), que a influenciadora e socialite Dayane Alcântara foi condenada a oito anos e nove meses de prisão por cometer injúria racial e racismo contra a filha do casal, Chissomo, mais conhecida como Titi. Trata-se da maior pena da história para esse tipo de crime no Brasil.
– Essa á primeira vez que, em reposta ao racismo, o Brasil condena uma pessoa a prisão em regime fechado. Sim, estamos em 2024 e essa ainda é a primeira vez. Apesar de tardio, é histórico (…) Como pais, estamos emocionados e agradecemos: a comoção pública foi fundamental para este avanço – disseram Bruno e Giovanna.
Eles ainda afirmaram que, “mesmo com todos privilégios” que possuem, “o caminho foi longo”.
– Apenas em maio de 2021 conseguimos oferecer uma denúncia. E somente na última quarta-feira, dia 21 de agosto de 2024, sete anos depois, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proferiu uma decisão inédita – acrescentaram.
A advogada do casal, Silvia Souza, descreveu a decisão judicial como uma “fagulha de esperança”.
– Essa decisão nos dá uma fagulha de esperança que crimes de racismo bárbaros como esse, especialmente por meio de redes sociais que podem ter alcance global, não passem impune.
Em 2017, a influenciadora chamou Titi, que até então tinha 4 anos, de “macaca”, em publicação em uma rede social. A socialite também disse que a pequena tinha um “cabelo horrível, de bico de palha” e “nariz de preto”.
CONFIRA ABAIXO A NOTA COMPLETA DE GLAGLIASSO E EWBANK
Hoje a gente vem celebrar uma vitória contra o racismo. E sabemos que, infelizmente, esta vitória acontece por termos visibilidade e brancos e, portanto, mais ouvidos que a população negra que, desde que foi sequestrada para este país, não para de gritar e sangrar. Nunca é tarde, mas ainda é tarde.
Quando nossa filha Chissomo tinha apenas quatro anos, em 2017, foi alvo pela primeira vez do racismo. Títi, como vocês conhecem, nem sabia que poderia ser vítima assim como ocorre com toda criança preta. O crime veio de uma mulher eugenista, que encontrou na internet o ambiente perfeito para proferir violências hediondas – aqui, às vezes o mundo parece retroceder com ataques às minorias crescendo de modo desmensurado. Demos voz aos idiotas?
Mesmo com todos os nossos privilégios, o caminho foi longo: apenas em maio de 2021 conseguimos oferecer uma denúncia. E somente na última quarta-feira, dia 21 de agosto de 2024, sete anos depois, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proferiu uma decisão inédita condenando a autora dos crimes por injúria racial e racismo. A pena? 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado.
Essa á primeira vez que, em reposta ao racismo, o Brasil condena uma pessoa a prisão em regime fechado. Sim, estamos em 2024 e essa ainda é a primeira vez. Apesar de tardio, é histórico. O direito criminal diz que pouco pode ser feito pela reversão da pena, no máximo sua redução. E assim esperamos e seguiremos confiantes na justiça, pois há anos estamos lutando por entendermos que esta vitória não é nossa, mas da nossa filha, coletiva e de toda uma comunidade.
Seguimos confiantes na atuação consistente do judiciário para assegurar que crimes de racismo sejam devidamente reconhecidos e punidos – enaltecemos também a Procuradoria da República do Rio de Janeiro pela atuação firme e combativa. E somos gratos à advogada Juliana Souza e sua equipe que nunca nos deixou esmorecer.
Como pais, estamos emocionados e agradecemos: a comoção pública foi fundamental para este avanço. Não temos mais nada a declarar, mas seguiremos vigilantes porque o racismo está longe de acabar.
Fonte: Pleno news/ Foto: Arquivo Pessoal