segunda-feira, abril 7, 2025
Desde 1876

Estreia mundial de Cobra Norato abre Festival de Ópera do Theatro da Paz

Poema de Raul Bopp ganha vida em Cobra Norato – Terras do Sem Fim, ópera que abre o festival e será apresentada pela primeira vez ao mundo em Belém, de 26 a 30 de abril

Consolidado como um dos maiores festivais líricos do país, o Festival de Ópera do Theatro da Paz chega à sua 24ª edição em 2025 com uma abertura histórica: a estreia mundial da ópera Cobra Norato – Terras do Sem Fim, baseada no poema modernista de Raul Bopp. As apresentações serão nos dias 26, 27, 29 e 30 de abril, sempre às 20h, abrindo oficialmente a programação anual do festival.

Publicado em 1931, Cobra Norato é considerado um marco do modernismo brasileiro. A narrativa acompanha um caboclo da Amazônia em sua jornada para se casar com a filha da Rainha Luzia. No caminho, ele enfrenta criaturas míticas e perigos da floresta, atravessando um enredo repleto de lendas e simbologias amazônicas.

Quase um século após sua publicação, o poema mantém-se atual ao abordar temas como a relação entre o homem e a natureza e a destruição dos territórios. Em 2025, ano em que Belém sediará a COP 30 e se tornará centro do debate climático global, a obra ganha nova relevância.

“Vivemos um momento em que o mundo discute o futuro do planeta, e a Amazônia é símbolo dessa agenda. Cobra Norato nos conecta à força mítica da floresta e reafirma a arte como uma aliada na defesa dos nossos territórios, saberes e modos de vida”, afirma a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal.

Ela também ressalta o papel simbólico do Theatro da Paz na estreia. “Nosso teatro-monumento é um espaço de criação e de afirmação da identidade amazônica. Essa estreia reforça a importância do Pará como território de vanguarda na produção operística brasileira.”

Time de peso e valorização local

A montagem conta com nomes de destaque da cena nacional: direção artística de Carla Camuratti, música de André Abujamra, regência do maestro Silvio Viegas, direção de arte de Batman Zavareze, figurinos assinados por Ronaldo Fraga, iluminação de Wagner Pinto e produção de Bianca De Felippes. O libreto é de Bernardo Vilhena, que também idealizou o projeto. A realização é da Gávea Filmes, com patrocínio da Vale via Lei de Incentivo à Cultura. A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) assina a co-realização.

Camuratti destaca a riqueza poética da obra. “A capacidade do autor em retratar a floresta e seus habitantes imaginários provoca uma reflexão profunda sobre as relações de poder, num espetáculo que une cultura, entretenimento e consciência ambiental”.

A produção executiva é de Nandressa Nunes, também responsável pela direção de produção do festival. Miguel Campos Neto, maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), atua como diretor musical adjunto da montagem. A OSTP acompanha ao vivo todas as apresentações, executando a trilha composta especialmente por Abujamra.

O elenco reúne talentos nacionais e regionais, com cerca de 80% formado por artistas paraenses. Jean Wiliam interpreta Cobra Norato, Marli Montoni é a Filha da Rainha, Anderson Barbosa vive a Cobra Grande, Idaías Souto encarna o Tatu da Bunda Seca, Lys Nardoto é a Rainha Luzia, Elizabeth Moura representa a Árvore Mãe, Ytanaã Figueiredo o Pajé, e Ione Carvalho a Joaninha.

Programação segue até novembro

O XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secult, em parceria com o Theatro da Paz e a Academia Paraense de Música. A programação segue ao longo do ano, com o Concerto Lírico da OSTP no dia 18 de junho e uma nova montagem em novembro: a ópera I-Juca Pirama, baseada no poema de Gonçalves Dias, que será apresentada nos dias 10, 11 e 12.

O lançamento da nova edição aconteceu no último dia 4, no Theatro da Paz. Desde 2002, o festival já apresentou obras como Salomé, La Bohème, Suor Angelica, Gianni Schicchi, A Flauta Mágica e Os Pescadores de Pérolas, reunindo mais de 144 mil espectadores e se consolidando como um dos principais eventos líricos do país.

Palco central do festival, o Theatro da Paz, inaugurado em 1878 durante o Ciclo da Borracha, é considerado o primeiro teatro de ópera da Amazônia e um dos mais antigos em funcionamento no Brasil. Junto ao Teatro Amazonas, compõe o conjunto dos Teatros da Amazônia, que concorre ao título de Patrimônio Mundial da Unesco.

Inclusão e transformação social

Nesta edição, o festival mantém o projeto Sons de Liberdade, promovido pela Secult desde 2021, em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o Theatro da Paz e a Academia Paraense de Música. Em 2025, 22 custodiadas participam da confecção dos figurinos da ópera Cobra Norato, fortalecendo a política de ressocialização por meio da arte.

Os ensaios da ópera acontecem durante todo o mês de abril. As prévias da estreia, com ensaios gerais e figurinos completos, serão abertas a custodiados do sistema penal e a moradores das Usinas da Paz da Região Metropolitana de Belém, promovendo o acesso à cultura e o diálogo com diferentes públicos.

Cobra Norato – Terras do Sem Fim – XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz 
Dias: 26, 27, 29 e 30 de abril de 2025, às 20h
Ingressos: Disponíveis na bilheteria do Theatro da Paz e pelo site www.ticketfacil.com.br, além do aplicativo Ticket Fácil. Os valores variam de R$ 25 a R$ 150.

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