Um dias desses alguém, ao receber uma crítica a uma de suas manifestações, depois de agradecer aos elogios, “caiu de pau” sobre o crítico a quem rotulou de insensível e cruel. E para finalizar disse que iria continuar mostrando em temas livres, a vida como ela é. Lembrei de Nélson Rodrigues, que de “toda unanimidade é burra”, aceitando todos, sejam como forem. Mas, tem uns que querem elogios unânimes, rotulando os críticos de insensíveis e que a estes não perdoam. Evidente que nem todos são afeitos às críticas, mas, se alguém externa seus pensamentos, suas falhas, seus arrependimentos, tacitamente autoriza não somente elogios, mas também se obriga às críticas ou até censuras.
Como aceitar a todos, como eles são, mas fazer restrições? Essa concepção me pareceu paradoxal, como a questão da quase grávida ou do quase honesto. Lembrei de uma mensagem que recebi e que diz que não se ama porque é fácil, mas porque é preciso, pois, se amar fosse fácil, não haveria guerras, crianças desamparadas, casamentos desfeitos, roubos e demais vicissitudes. E que Cristo não brincava ao pregar o amor.
Refleti e concordei com a mensagem. É a falta de amor que dá lugar a traição, ao ódio, à vingança, à cobiça, ao egoísmo. O perdão é uma tarefa duríssima. De certa feita Pedro perguntou a Jesus se teria que perdoar seu irmão sete vezes, obtendo como resposta: não sete, mas setenta vezes sete.
O Mestre, ao ensinar a orar, conforme o tão recitado Pai-Nosso, falava no perdão aos inimigos. É de João este ensinamento: “Se alguém diz: eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?”. É muito fácil gostar de alguém que gosta da gente. Amar e perdoar, levar a cruz, como Ele ensinou, não é tarefa fácil, não é para qualquer um, mas é extensivo a todos, como ensino e dever.
30/10/2008
Por: Roberto Pimentel
*O autor é advogado, delegado de Polícia aposentado, especializado em meio ambiente, radialista e escritor. Escreve toda quinta-feira neste espaço de A PROVÍNCIA DO PARÁ