quinta-feira, dezembro 18, 2025
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    Tragédia na Penha: moradores levam cerca de 60 corpos para praça após operação mais letal do Rio

    A madrugada desta quarta-feira, 29, foi marcada por cenas de desespero no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. Moradores levaram pelo menos 50 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, um dia depois da operação mais violenta da história do estado. O governo do Rio confirmou ontem, terça-feira, 28, que 64 pessoas morreram na megaoperação batizada de Contenção — entre elas, 60 suspeitos e 4 policiais. Ainda não há confirmação se os corpos levados pelos moradores fazem parte dessa contagem. O bandido Doca é um dos maiores alvos da operação de ontem. Se somados aos números desta madrugada, mortos chegaraiam a 128, o que pode aumentar nas próximas horas.

    Segundo a Polícia Militar, o secretário da corporação, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, acompanha o caso e determinou uma apuração urgente.

    Moradores afirmam que os corpos vieram da área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia — o principal ponto dos confrontos entre forças de segurança e traficantes. Há relatos de que mais vítimas ainda estariam no alto do morro.

    Outros envolvidos e rocurados

    O ativista Raull Santiago, que ajudou a retirar corpos da mata, relatou o horror:

    “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, nunca vi nada parecido. É algo brutal, num nível desconhecido.”

    A remoção dos corpos, segundo relatos, tem como objetivo facilitar o reconhecimento por familiares.

    Mais cedo, seis corpos foram levados em uma Kombi para o Hospital Estadual Getúlio Vargas. O veículo chegou em alta velocidade e saiu logo em seguida.

    Governo federal reage: reunião de emergência com Castro

    O clima de tensão fez Brasília se mover. Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) se reúnem nesta quarta-feira (30) com o governador Cláudio Castro para discutir os desdobramentos da operação.

    O governo federal confirmou que, durante uma reunião na Casa Civil, com a presença do presidente em exercício Geraldo Alckmin, ministros avaliaram o cenário no Rio.

    Em nota, o Planalto afirmou que não houve qualquer consulta nem pedido de apoio federal antes da ação policial.

    Além disso, Rui Costa atendeu a um pedido de Castro para transferir 10 detentos para presídios federais. Segundo o governo do Rio, eles teriam ordenado ataques e sequestros de dentro da prisão, o que deflagrou o caos na cidade.

    STF cobra explicações sobre operação

    No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste, em até 24 horas, sobre o pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) para que o governador Cláudio Castro explique a operação.

    O caso está dentro da chamada ADPF das Favelas, que trata da letalidade policial no Rio. O CNDH quer que o governo apresente um relatório completo, com justificativas, dados sobre o socorro às vítimas e eventuais medidas de responsabilização dos agentes.

    Moraes assumiu o processo após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, e foi autorizado a tomar decisões urgentes.

    Em abril deste ano, o STF já havia determinado regras mais rígidas para reduzir mortes em operações policiais nas comunidades do Estado.

    *Esta matéria segue em atualização

    Da Redação do Jornal A PROVÍNCIA DO PARÁ com informações e imagens do Portal G1 e Agência Brasil

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