“Antigamente eu inventava as palavras, agora eu não invento mais, já sei ler.” Foi com essa frase que a estudante Maria Hellena de Oliveira, 9 anos, aluna do 4º ano da Escola Municipal Paulo Freire, no Tenoné, resumiu o impacto do Programa de Recomposição Rios da Aprendizagem, desenvolvido pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec).
Os resultados apresentados ao longo da execução do programa são motivo de comemoração nesta segunda-feira (8), Dia Mundial da Alfabetização.
A iniciativa, voltada para estudantes do 3º ao 9º ano que apresentam dificuldades em leitura e matemática, surgiu em maio deste ano para enfrentar um dos piores cenários de aprendizagem entre as capitais brasileiras. De acordo com avaliação da Semec, apenas 34% dos alunos do Ensino Fundamental demonstram domínio adequado em leitura e somente 14% em matemática.

Segundo a secretaria, a pandemia de covid-19 e a perda de R$ 100 milhões em recursos federais — ocasionada pela falta de ações voltadas à redução de desigualdades educacionais na gestão anterior — agravaram ainda mais o quadro.
O Rios da Aprendizagem foi estruturado em quatro etapas para avançar a educação municipal e não deixar nenhum estudante para trás:
- Mapeamento do nível de aprendizagem de cada estudante, realizando individualmente em maio, a partir dos resultados da 1ª Avaliação Belém 2025
- Agrupamento dos alunos conforme o nível identificado
- Aplicação de atividades pedagógicas específicas para cada grupo
- Monitoramento
A Secretária Executiva Pedagógica da Semec, Beatriz Morrone, afirma que os primeiros resultados são animadores. “A metodologia prevê que cada estudante avance um nível ao final do percurso de 90h. Estamos muito felizes por saber que, em apenas um terço do tempo, já tivemos tanta evolução. Muitos estudantes já bateram e até ultrapassaram a meta com apenas 30h”, afirma a gestora.

RESULTADOS NAS ESCOLAS
Na Escola Municipal Paulo Freire, as mudanças já são perceptíveis. Alunos que antes evitavam participar das aulas agora estão engajados. “O momento em que o estudante se apropria da leitura, ele começa a se envolver, porque os que têm dificuldade acabam se retraindo. Mas, quando aprendem, vão longe”, destacou a professora Eliana Araújo, do 3º ano.
A emoção também é sentida pelas famílias. A costureira Neisa Batista comemorou o progresso da filha, Ana Luiza, de 10 anos, estudante do 5º ano. “É difícil não chorar. Até ano passado eu ajudava nos deveres de casa, agora ela mesma diz: ‘Mamãe, eu já sou mocinha, eu já sei ler’”.
A coordenadora pedagógica da escola, Viviane Velásquez, reforça que o apoio aos professores é parte essencial do processo. “Oferecemos suporte, desde materiais até a busca ativa dos alunos. Queremos que eles tenham condições de oferecer aulas de qualidade”, afirma.
Para avaliar o impacto do programa após as primeiras 30 horas, a Semec realizou, de 26 a 28 de agosto, a 2ª Avaliação Belém. Os resultados estarão disponíveis a partir de 24 de setembro no Sistema Integrado Pedagógico e Administrativo da Semec (Sipad).
Fonte e imagens: Agência Belém
