No Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, a Universidade Federal do Pará (UFPA) reforçou a importância de valorizar o conhecimento amazônico como parte essencial da educação, da ciência e do desenvolvimento sustentável. A data, que chama atenção para a preservação da floresta, ganha ainda mais força às vésperas da COP30, que será realizada em Belém em 2025.
Conhecimento como resistência
Segundo a professora Alda Cristina Costa, da UFPA, um dos maiores desafios é compreender que a Amazônia não deve ser vista apenas como objeto de estudo ou cenário exótico, mas como um território vivo, plural e cheio de saberes próprios. Ela defende que a universidade precisa ir além da sala de aula tradicional e reconhecer os saberes indígenas, ribeirinhos e quilombolas como parte legítima do processo educativo.
“Não se trata apenas de ensinar sobre a Amazônia, mas com a Amazônia”, enfatizou a pesquisadora.
Um exemplo vem da pesquisa de Flávia Pinto Alves, egressa do Programa de Pós-Graduação em Docência em Educação em Ciências e Matemática da UFPA. Atuando em Cametá, no Baixo Tocantins, Flávia percebeu que muitos professores ribeirinhos precisavam se deslocar até a cidade para se formar. Como diretora de ensino, ela descentralizou a formação, aproximando o curso das comunidades.

Na prática, isso significou um currículo mais inclusivo, que dialoga com a vida cotidiana dos ribeirinhos e valoriza suas práticas culturais e ambientais. A iniciativa mostra como a ciência pode caminhar lado a lado com a tradição, ampliando o impacto social da educação.
A UFPA também participa do movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP30”, que busca garantir espaço de fala para pesquisadores, lideranças locais e povos originários nas discussões globais sobre o clima. A ideia é que a região seja ouvida como protagonista, e não apenas lembrada como paisagem ou fonte de recursos naturais.

A defesa do protagonismo amazônico também é uma forma de justiça histórica. Durante séculos, a produção de conhecimento sobre a Amazônia foi feita de fora para dentro, sem ouvir quem realmente vive na região. Hoje, a UFPA e outras instituições buscam mudar essa lógica, afirmando que sem ouvir as vozes locais não há futuro sustentável possível.
A Amazônia concentra a maior floresta tropical do planeta, além de abrigar uma diversidade cultural única. No entanto, também enfrenta pressões como desmatamento, queimadas e mineração ilegal. Para enfrentar esses desafios, a combinação entre ciência, educação e saberes tradicionais é apontada como o caminho mais eficaz.
“A universidade tem a missão de formar cidadãos críticos e conscientes, mas também de valorizar o conhecimento que já existe nas comunidades. Só assim construiremos soluções mais justas e eficazes para a Amazônia”, destacou Alda Costa.
Por: Thays Garcia/ A Província do Pará
Imagem: Ascom Ufpa