O dólar atingiu novo recorde nesta quarta-feira (18/12), fechando a R$ 6,27, impulsionado pela decisão do Federal Reserve de cortar os juros nos EUA. A medida, que já havia sido anunciada, gerou mais uma rodada de volatilidade no mercado, arrastando o Ibovespa para uma queda de 2,31%.
Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que este último corte “foi uma decisão mais difícil, mas decidimos que era a certa”.
Ainda antes da decisão do Federal Reserve, o dólar já apresentava forte valorização, atingindo R$ 6,19 por volta das 13h. Essa alta, de 1,55%, foi impulsionada por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que atribuiu a recente desvalorização do real à especulação e previu uma estabilização da moeda americana.
“Nós temos um câmbio flutuante e, neste momento em que as coisas estão pendentes, tem um clima de incerteza que faz o câmbio flutuar. Mas eu acredito que ele vai se acomodar “, afirmou Haddad.
Preocupado com a instabilidade do mercado, em grande parte causada pela expectativa em torno da aprovação do pacote fiscal, o Banco Central (BC) realizou dois leilões de venda de dólares, totalizando US$ 12,8 bilhões, entre quinta-feira (12) e terça-feira (17). Deste montante, US$ 5,8 bilhões foram vendidos à vista.
Apesar das intervenções, a demanda por dólares continuou alta, indicando que o mercado buscava uma oferta ainda maior da moeda americana. Em 20 de maio de 2020, para conter a pressão sobre o real, o BC chegou a leiloar US$ 7 bilhões em um único dia, com o objetivo de evitar que o dólar atingisse R$ 6,00.
Com o Banco Central aguardando novas oportunidades para intervir no mercado cambial, o governo aposta na aprovação do pacote de ajuste fiscal pelo Congresso até o final da semana. Estima-se que as medidas propostas, que incluem um projeto de lei, um projeto de lei complementar e uma proposta de emenda à Constituição, gerem uma economia de cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
Foto Reprodução Canva