segunda-feira, março 10, 2025
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Mulheres expõem estratégias para conseguir aproveitar vida urbana em segurança

Assédio é só a ponta do iceberg, afirma autora do livro “Se A Cidade Fosse Nossa”

Os desafios e as dificuldades para quem vive em uma metrópole podem se impor de diferentes maneiras. Com relação às mulheres, por exemplo, vão do tamanho da roupa ao horário ideal para voltar para casa com mais segurança, além do medo de sair sozinha. Nessa semana, do Dia Internacional da Mulher, celebrado no sábado (8), elas relataram à BandNews FM quais as estratégias para “enfrentar” as ruas.

A artista Letícia Nakano criou o Coletivo Vespas, em 2018, com duas amigas: a jornalista Alessandra Albuquerque e a mecânica Karoline Coimbra.  As fundadoras percebiam que as cidades eram hostis e acreditavam que reuniões apenas entre mulheres poderiam ser uma forma de enfrentar essa condição.

 “A gente sente que o trânsito não é pensado para a gente ser visto enquanto ciclista, mulher ou corpo de uma pessoa LGBT+. (O coletivo) é uma resistência, uma maneira que a gente encontrou de dizer que pertence aos espaços públicos também. Isso transforma tanto (nosso desempenho) na bike quanto nossa autoestima”, pontua Letícia.

A escritora e arquiteta Joice Berth, autora do livro “Se a Cidade Fosse Nossa”, explica que os coletivos de mulheres são uma forma paliativa de lidar com um problema estrutural. “A intenção é muito boa e ação permite que elas façam essa inserção social. Mas, não podemos nos contentar com isso. Fala-se na questão do assédio nas ruas ou dentro do transporte público, mas essa é só a ponta do iceberg.”

Segundo Joice, pensar na formação das metrópoles é entender que essas cidades foram planejadas para camadas específicas da sociedade. “A formação está ligada às cidades mediterrâneas de Portugal, influenciadas pela configuração greco-romana. Tudo o que não fazia parte da masculinidade teria que ficar restrito à casa. Isso foi transportado para o modelo que temos até hoje e, raramente, é questionado”, avalia.

A publicitária Karina Queiroz decidiu criar, no fim de 2024, o Sem Nome Clube, um grupo de mulheres que leem obras de autores nacionais, negros e indígenas.

“Ao mesmo tempo que você quer viver e conhecer a cidade, você pensa se será bem recebida. Será que vão ficar me olhando? ’ Eu, pelo menos, por ser uma pessoa preta, observo muito quantas pessoas negras têm no lugar e o que elas estão fazendo”.

Ela afirma que, além de instigar a leitura, as participantes do Sem Nome Club se sentem mais confortáveis para conhecer novos lugares quando estão juntas. O clube serve como uma forma de proteção aos casos de assédio e racismo. “A princípio, era apenas um encontro em um café. Assim, visitaríamos um lugar, aproveitaríamos a cidade e passaríamos um tempo de qualidade com as integrantes. É assim que tem acontecido.”

Reprodução: .band.uol.com.br

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