A natureza pode ser um remédio poderoso contra a solidão e a ciência está provando isso. Um estudo internacional chamado Recetas, em andamento em seis países, está testando o que acontece quando pessoas solitárias recebem uma prescrição médica diferente: passar mais tempo ao ar livre com outras pessoas.
Foi o que aconteceu com Kye Aziz, um solicitante de asilo da Indonésia que vive na Austrália. Ele nunca foi muito ligado à natureza, mas tudo mudou depois que participou de atividades como jardinagem e piqueniques em grupo, oferecidos como parte de um tratamento social. “Me senti em casa, rindo com outras pessoas ao ar livre”, conta ele.
Esse tipo de prática tem raízes no Japão, onde surgiu o conceito de shinrin-yoku (banho de floresta), nos anos 1980. Hoje, estudos mostram que o contato com a natureza reduz o estresse, a pressão arterial, fortalece o sistema imunológico e melhora a saúde mental. Além disso, ambientes verdes ajudam a criar conexões sociais mais profundas e a diminuir pensamentos negativos repetitivos, que alimentam a solidão.
O Recetas mistura três ingredientes simples: natureza, atividades em grupo e convivência. Os resultados parciais já mostram efeitos positivos, especialmente entre populações mais vulneráveis, como imigrantes e pessoas LGBTQIA+. O sentimento de pertencimento e as boas memórias que a natureza desperta estão entre os fatores que mais contribuem para o bem-estar dos participantes.
“Estar com outras pessoas, ao ar livre, mesmo que seja só para uma refeição simples, ajuda as pessoas a se abrirem, cria laços e faz com que se sintam acolhidas”, afirma o pesquisador Nerkez Opacin.
E, como lembra a pesquisadora Jill Litt, uma das coordenadoras do projeto: “Duas horas de convivência em meio à natureza podem ser revolucionárias para a saúde.”
Imagem:Eduardo Vessoni