No bairro do Tenoné, em Belém, a Escola Estadual de Tempo Integral Professora Ruth dos Santos Almeida tem se destacado como referência em práticas pedagógicas que unem sustentabilidade, cidadania e protagonismo juvenil. Em sintonia com os debates globais sobre o clima especialmente com a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada na capital paraense em 2025 , a escola se antecipa e forma uma geração de estudantes conscientes e preparados para enfrentar os desafios ambientais do futuro.
Unindo os componentes de Educação Ambiental e Projeto de Vida, os projetos desenvolvidos na escola vão além do currículo tradicional, promovendo experiências reais de cuidado com o meio ambiente, pesquisa científica e valorização da cultura local. A proposta integra teoria e prática em atividades como a Horta Escolar, o Jardim Medicinal, a Compostagem e a Química Verde todas construídas e mantidas pelos próprios estudantes em espaços ao ar livre.
A diretora da unidade, Alba Freitas, ressalta que a proposta pedagógica busca formar alunos mais críticos, participativos e conectados com os grandes temas da atualidade. “É gratificante ver como os alunos crescem a partir dessas vivências. Eles compreendem o papel que têm no mundo e passam a fazer escolhas mais conscientes.”
Com a aproximação da COP 30, eventos como esse ganham ainda mais relevância. “Essa escola representa exatamente o tipo de educação que precisamos: aquela que forma cidadãos preparados para discutir e agir sobre mudanças climáticas, sustentabilidade e justiça ambiental”, destaca a professora de Filosofia, Roseane Gomes.
No Jardim Medicinal, por exemplo, estudantes cultivam plantas como hortelã e capim-limão trazidas por suas famílias. O vínculo com a comunidade é fortalecido, e os conhecimentos populares se unem à ciência para a produção de produtos naturais, como velas aromáticas e chás medicinais. Esses materiais são frutos de pesquisas feitas pelos próprios alunos.
A compostagem e a química verde complementam o ciclo, fornecendo fertilizantes naturais e defensivos ecológicos. “Os projetos estão conectados. Um alimenta o outro, e todos juntos formam uma cadeia de aprendizagem sustentável”, explica o professor Artur Silveira.
Sarah Moura, estudante da 2ª série do Ensino Médio, compartilha o impacto pessoal da experiência. “Estar nesses projetos me ajuda a entender melhor quem eu sou e o que quero para o meu futuro. Sinto que estou fazendo a diferença.”
A escola integra a rede de ensino integral do Pará, que oferece jornada ampliada, com até 9 horas diárias, três refeições por dia e suporte pedagógico diversificado. Atualmente, o estado conta com 161 escolas no modelo integral, atendendo cerca de 48 mil alunos um crescimento expressivo desde 2018, quando apenas 6 mil eram beneficiados.
O secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, afirma que o ensino integral e os projetos de sustentabilidade “reforçam o vínculo dos alunos com a escola, promovem pertencimento e melhoram o desempenho acadêmico”.
Desde 2024, a Educação Ambiental tornou-se um componente curricular obrigatório em todas as etapas do ensino nas escolas estaduais do Pará. Isso faz do estado um dos pioneiros na preparação de estudantes para lidar com os desafios ambientais contemporâneos uma prioridade para a agenda da COP 30.
Com essa base sólida, a Escola Ruth dos Santos Almeida mostra que é possível transformar a educação em uma ferramenta de ação climática e construção de um futuro mais justo, sustentável e consciente.
Imagem: Agência Pará