Iniciativa reforça protagonismo indígena rumo a cop30
Belém segue respirando diversidade, cultura e resistência com a realização da semana dos povos indígenas aldeando a Cop30, que acontece até (16) de abril, no Hangar- Centro de Convenções da e Feiras da Amazônia. O evento promovido pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos indígenas (Sepi) destaca o papel centra das populações originarias na agenda climática e no caminho até a 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças climáticas (Cop30), que será realizada na capital paraense em Novembro.
O segundo dia da programação, nesta terça-feira (15), foi marcado por uma intensa troca de saberes e experiências, com palestras, atividades educativas, apresentações culturais, lançamento de documentário, e até um desfile de moda indígena ancestral. A proposta do evento é clara, garantir que as vozes indígenas não apenas estejam presentes, mas sejam protagonistas no debate climático global. Logo pela manhã a palestra “Vitimização de meninas e mulheres venezuelanas indígenas da etnia Warao”, ministrada pelo Professor Nadilson Portilho Gomes, trouxe à tona a realidade de violação de direitos enfrentada por populações migrantes. A Secretária de Cultura do Estado, Úrsula Vidal, também participou, destacando a importância de espaços como esse para fortalecer politicas públicas e reconhecer os povos indígenas como guardiões de conhecimento ambiental. “Este já é um momento de dar voz a eles na COP30, ressaltou.
A tarde foi marcada pela apresentação de Politica Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) conduzida por Ceiça Pitaguary, secretária nacional do Ministério dos povos indígenas A pauta, estratégica para a preservação dos territórios originários, reforça o papel das lideranças indígenas na formulação e execução de ações ambientais sustentáveis no país.

Moda indígena e ressocialização em destaque
Um dos momentos mais emocionantes do dia foi o desfile da coleção Muiraquitã, assinada pelo estilista amazonense Maurício Duarte. A coleção apresentou 15 peças inspiradas na lenda do amuleto indígena em forma de sapo verde, símbolo de proteção. Três looks foram confeccionados por mulheres da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), custodiadas na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Ananindeua. A participação das artesãs reforça a potência da arte como instrumento de ressocialização e valorização cultural.
“A gente se sente mais valorizada como mulher, como artista, como ser humano”, afirmou Jéssica Cruz, uma das integrantes da cooperativa. Para a tutora Narayana Brotas, essa experiência amplia a visão de futuro das participantes: “É um reconhecimento do nosso trabalho e uma oportunidade de reconstrução”.
Educação e inclusão também ganham espaço
A programação contou ainda com ações educativas do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), que apresentou o projeto “O Eleitor do Futuro” com linguagens acessíveis às comunidades indígenas. Utilizando personagens do folclore amazônico como “candidatos” fictícios, o tribunal aproximou o tema da cidadania do universo cultural dos povos tradicionais. Cartilhas em sete línguas indígenas foram distribuídas para ampliar o acesso à informação.

Crianças também foram contempladas com atividades lúdicas promovidas pela Fundação ParáPaz, incluindo brinquedoteca, pintura, jogos e tênis de mesa — criando um espaço de acolhimento enquanto os responsáveis participavam das palestras e oficinas.
Audiovisual indígena em evidência
O documentário Pará é Território Indígena também foi lançado durante o evento. A produção retrata a participação dos povos indígenas na primeira edição da Semana dos Povos Indígenas e celebra a diversidade cultural dos territórios originários do Pará.
Encerramento com celebração
O dia encerrou com música e celebração. O cantor Cássio Costa animou o auditório do Salão B com um show de forró que colocou indígenas e não indígenas para dançar. Sorteios de brindes fecharam a noite com leveza e espírito coletivo.
A Semana dos Povos Indígenas reafirma o protagonismo dos povos originários na construção de soluções para a crise climática e no fortalecimento de políticas públicas. Em um momento decisivo rumo à COP30, o evento marca não só a resistência, mas a liderança indígena no centro das decisões globais
Por: Thays Garcia
Imagem: Agência Pará