sábado, dezembro 20, 2025
Desde 1876

    Cérebro de Maguila será doado para estudos na USP; entenda

    José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, terá seu cérebro doado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) para aprofundar os estudos acerca da encefalopatia traumática crônica (ETC), da qual sofria o ex-lutador, que morreu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos. Em 2018, ele concordou em doar o órgão, com o consentimento da família, para a universidade.

    Maguila recebeu o diagnóstico em 2013. A doença não tem cura. Informalmente, ela é chamada de “demência do pugilista”, resultado dos constantes golpes na cabeça que os lutadores sofrem ao longo da carreira. A FMUSP conta com grupo de pesquisa que estuda justamente o impacto dessas pancadas e concussões em atletas, dos mais diferentes esportes: boxe, rúgbi, futebol, entre outros.

    Para realizar a doação do órgão, foram necessários uma assinatura de Maguila no termo de liberação, ainda em 2018, e a autorização da família. Além de Maguila, Éder Jofre, ex-pugilista morto em 2022, e Bellini, capitão do Brasil na conquista da Copa do Mundo de 1958 e morto em 2014, também doaram seus cérebros à FMUSP.

    O órgão é armazenado no instituto, que conta com o único banco de cérebros do Brasil e da América Latina.

    – É importante para o País e para USP ter esses experimentos realizados em nosso território – contou Renato Anghinah, neurologista e professor livre docente na Universidade de São Paulo (USP), ao Estadão em 2022.

    O médico foi responsável por acompanhar tanto Éder Jofre quanto Maguila nos últimos anos.

    – Esse banco é importante pois permite que o Brasil participe de discussões na área científica e esteja em contato com a maioria dos países do mundo – afirmou.

    O estudo visa criar medidas de prevenção para a doença. No caso de Bellini, inicialmente acreditava-se que o zagueiro sofria de Alzheimer, que destrói a memória e outras funções do cérebro. Os resultados da pesquisa, divulgados em congresso, revelaram o quadro de ETC.

    O QUE É A ENCEFALOPATIA TRAUMÁTICA CRÔNICA?
    A encefalopatia traumática crônica é uma doença no encéfalo – uma das regiões do cérebro – causada por traumas e choques mecânicos constantes (“crônicos”). É comum em atletas, mas também é observada em soldados e ex-combatentes de guerras.

    É causada por uma degeneração progressiva de células cerebrais, causada por diversas lesões na cabeça. Para o diagnóstico clínico é preciso que o paciente realize exames de imagem e ultrassom. O histórico de lesões e sintomas presentes na encefalopatia – como depressão, raiva, perda de memória etc. – ajudam no diagnóstico.

    – Mais ou menos 50% das lesões cerebrais em jogos de contato são causadas pela desaceleração e aceleração do cérebro. Não precisa encostar na cabeça do indivíduo para ter lesão no cérebro – explicou Anghinah, antes de se referir a uma situação do futebol americano.

    – Num momento, um jogador e seu cérebro estão a 30 km/h. Aí ele sofre o “tackle”. E, milissegundos, a velocidade vai a zero. O cérebro está solto e chacoalha dentro da caixa craniana. Um atleta pode sofrer um “tackle”, sem choque de cabeça, e cair desacordado no gramado. E nem bateu a cabeça. Por quê? Porque a desaceleração brusca pode lesar o cérebro.

    Não há um tratamento específico ou cura para a encefalopatia, mas medidas de suporte para os pacientes podem ser tomadas. Dentre estas, destaca-se a construção de um ambiente seguro, iluminado e confortável. Em casos avançados da demência, medidas paliativas podem ser adotadas ao invés de internações hospitalares.

    QUEM FOI MAGUILA
    Nascido em Aracaju, Sergipe, Maguila teve 77 vitórias (61 nocautes), 7 derrotas e um empate em seu cartel como profissional, tendo sido campeão brasileiro, das Américas e mundial de boxe na categoria peso-pesado.

    Dentre suas derrotas no ringue, Maguila teve duas emblemáticas contra dois maiores de todos os tempos da modalidade: George Foreman, em 1990, e Evander Holyfield, em 1989. Contra Holyfield, o combate valia o cinturão do WBC.

    Ele se aposentou dos ringues no ano 2000. Ao longo de sua carreira, Maguila se notabilizou pelo carisma das entrevistas pós-luta, onde citava uma imensa lista de agradecimentos. Depois, chegou a trabalhar na TV Record ao lado de Tom Cavalcante no programa Show do Tom.

    *AE

    Fonte: Pleno News/Foto: Reprodução/SBT

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