Durante o evento internacional Global Citizen Now Amazônia, realizado em Belém no último dia 24 de julho, os povos indígenas do Pará deram mais uma demonstração de protagonismo nas discussões sobre a crise climática. A Secretaria dos Povos Indígenas do Pará (Sepi) teve papel de destaque ao apresentar as ações que vêm sendo construídas no estado para garantir que as vozes indígenas estejam no centro das decisões ambientais.
A secretária estadual dos Povos Indígenas, Puyr Tembé, participou do painel Justiça Climática e Povos Indígenas, reforçando que não é mais possível pensar em políticas ambientais sem ouvir e respeitar os saberes tradicionais de quem protege a floresta há séculos. “É hora de parar de falar sobre os povos indígenas e começar a falar com os povos indígenas”, disse a secretária.
No mesmo painel, também foram discutidas formas de garantir que o financiamento climático respeite os modos de vida e as prioridades dos territórios indígenas. “Os recursos precisam chegar a quem realmente protege a floresta. Isso não é apenas uma questão ambiental, é uma questão de sobrevivência para toda a humanidade”, destacou Puyr.
O governador do Pará, Helder Barbalho, também participou do evento e reforçou a importância de valorizar a floresta em pé como estratégia de desenvolvimento sustentável. “Estamos construindo, a partir de Belém, um novo paradigma. A floresta viva precisa valer mais do que a floresta derrubada”, afirmou.
Caminho rumo à COP30

Entre as ações destacadas pela Sepi está a Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP30, uma iniciativa que percorre as oito etnorregiões do Pará para dialogar com as comunidades, ouvir suas demandas e prepará-las para a participação na maior conferência climática do planeta, que será realizada em Belém, em novembro.
“Estamos indo até as aldeias, escutando, dialogando e fortalecendo nossas bases. O protagonismo indígena na COP30 só será possível com territórios fortalecidos e povos bem informados”, explicou Puyr Tembé.
Alianças que fortalecem
A atuação da Sepi foi acompanhada por importantes articulações com lideranças indígenas, instituições públicas, organizações internacionais e entidades da sociedade civil. Um destaque é a parceria com a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), que representa mais de 60 povos indígenas e atua em frentes essenciais como educação escolar indígena, proteção territorial e justiça climática.
A presidente da Fepipa, Concita Sompré, reforçou o papel essencial das mulheres indígenas nesse processo. “A justiça climática só será real com a inclusão das mulheres. São elas que transmitem os saberes ancestrais e mantêm a floresta viva. Valorizar suas vozes é garantir o futuro dos territórios e do planeta”, afirmou.
O reconhecimento da Sepi e da Fepipa como protagonistas da pauta indígena no Pará evidencia o compromisso do estado com um modelo de desenvolvimento sustentável, que respeite a cultura, os direitos e a sabedoria dos povos originários. Mais do que nunca, os caminhos que levam à COP30 estão sendo construídos por mãos indígenas com ancestralidade, estratégia e resistência.
Imagem: Agência Pará