Em 2007, o cineasta Jorge Furtado lançava uma sátira divertida com Fernanda Torres, Wagner Moura e Camila Pitanga cujo lugar já está guardado no cânone do cinema brasileiro.
Se nessa última temporada de premiações o espectador estrangeiro teve o prazer de descobrir o carisma e o talento dramático de Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui, em terras tupiniquins a atriz nunca deixou de ser também uma sensação da televisão e do cinema de comédia.
De Tapas e Beijos – Slaps & Kisses, para os nossos colegas gringos – a Os Normais, Torres forjou sua carreira com célebres papéis cômicos, algo não muito diferente da também renomada Camila Pitanga, lembrada especialmente por Bebel na novela Paraíso Tropical e, mais recentemente, como Lola no sucesso Beleza Fatal.
Há 18 anos, porém, antes de Fátima e Lola tomarem conta das telas brasileiras, um filme de comédia, dirigido e roteirizado por Jorge Furtado, trouxe o melhor da veia cômica das duas artistas, além de se firmar como uma das grandes obras do cinema brasileiro.
Esta é a história de Saneamento Básico, O Filme
Contracenando ao lado de um elenco de peso, com Wagner Moura, Bruno Garcia e Lázaro Ramos, Torres e Pitanga interpretam, respectivamente, as irmãs Marina e Silene, que se envolvem no projeto inusitado de fazer um filme com dinheiro público.
Nessa trama irônica e metalinguística, um grupo de moradores da pequena cidade fictícia Linha Cristal, localizada no Sul do Brasil, mobiliza-se para pleitear a construção de uma fossa de tratamento de esgoto.
Ao formarem uma comissão para fazer o pedido na prefeitura, descobrem que o órgão não tem verba suficiente para realizar as obras de saneamento básico na região, mas possui uma quantia para a produção de um vídeo, montante que, se não for gasto, será devolvido para o Governo Federal.
É assim que Marina e seu marido Joaquim (Wagner Moura) resolvem gravar um filme barato sobre um monstro que ronda as obras do projeto de saneamento, com o objetivo de usar o dinheiro com o planejamento do esgoto.
Enquanto Marina escreve o roteiro, Joaquim faz as fantasias, Silene atua e Fabrício (Bruno Garcia) grava com a câmera que tem em casa, o projeto do vídeo vai ganhando forma e envolvendo toda a comunidade de maneira inusitada, divertida e complexa.
Saneamento Básico é um desses feitos raros no qual todas as peças parecem se encaixar perfeitamente: um time brilhante de atores dá vida a um roteiro criativo e uma direção marcante de Furtado. Não à toa o filme é amplamente elogiado pela crítica e pelo público, sendo até mesmo indicado a duas categorias – Melhor Roteiro Original e Melhores Efeitos Especiais – do Prêmio Grande Otelo, um dos maiores da indústria nacional.
Reprodução: Adoro Cinema