O poeta disse em uma de suas canções que “a vida é a arte do encontro”, apesar de haver tantos desencontros, há desencontros que fazem nos encontrarmos.
Um desencontro às vezes traz ao ser humano um gosto amargo, seja de frustração, decepção, tristeza, desengano ou outro sentimento que lhe fere a alma. Mas, um desencontro, mesmo trazendo amargura demorada, deve servir para reflexão, de que a gente também aprende nas adversidades. E assim um desencontro pode nos trazer lições valiosas a nos acompanharem vida afora, servindo de anteparo, mesmo sendo paradoxal fazer esta afirmação, evitando desencontros piores, pois, vários são os aprendizados com os desencontros.
É quando sabemos até que ponto um amigo pode nos atender. É quando sabemos se o filho é o que sempre esperamos que seja. É quando sabemos até que ponto a pessoa amada pode nos aturar. É quando sabemos que quem que julgávamos inimigo não é tão inimigo. É quando a mãe serve para justificar aquilo que sempre esperamos. É quando aprendemos a superar nossas limitações. É quando valorizamos mais o que temos. É quando aquilo que parece singelo, na verdade é uma grande conquista. É quando o irmão pode ser chamado de amigo ou apenas irmão. É quando o amigo não é mais amigo, mas o irmão que não sabíamos que tínhamos. É quando sabemos que Deus é misericordioso e nos atende a qualquer tempo, mesmo que tenhamos nos afastado dele. É quando a vida tem um sabor diferente e passamos a valorizar cada coisa insignificante que temos. É quando cada dia, cada hora que passamos passa a ter um valor inestimável. É quando a gente aprende que a vida não é só de acertos, mas de desacertos, não só de encontros, mas de desencontros que nos fortalecem mais, que aguçam nossos sentimentos, que nos faz olhar em volta dos outros e pra dentro de nós mesmos. É quando nos sentimos vencedores apesar das derrotas, ricos e privilegiados apesar das perdas. E que tudo isso faz parte da vida, o dom precioso que alcançamos, não por nossos méritos, mas pela inestimável bondade de Deus.
28/10/2009
Por: Roberto Pimentel
*O autor é advogado, delegado de Polícia aposentado, radialista e escritor. Escreve toda quinta-feira neste espaço de A PROVÍNCIA DO PARÁ
Imagem: Universal/Divulgação