Vários são os casos de assassinatos, atropelamentos fatais com fuga dos motoristas, ocorrências essas que terminam arquivadas na Justiça por falta de provas ou culpados, ou então, de elementos que embasem melhor as investigações. As famílias das vítimas ficam com a dor da perda, da falta de solução e, por conseguinte, de Justiça.
Nos anos da década de 90 – na época não se falava em feminicídio -, um comerciante violento, egoísta, machista, identificado como João Batista, matou covarde e friamente, a facadas, sua esposa, a senhora Conceição Batista, praticamente na frente dos filhos, uma delas com deficiência física e mental.
O marginal, após o crime, fugiu tranquilamente, embarcou para Brasília, jamais respondeu pelo crime, jamais foi preso nem perseguido e, no final das contas, ainda vendeu o apartamento localizado no bloco 13, segundo andar do Conjunto Residencial Império Amazônico, no bairro do Souza, em Belém. Por fim, pegou seus filhos e com eles ficou e recebeu todo o apoio de sua família.
O caso foi investigado pelo delegado Tolentino de Carvalho, hoje aposentado, e que disse na época, à reportagem, ter feito de tudo, inclusive, pedindo a prisão preventiva do bandido homicida, e que encaminhou os fatos à Justiça.
João Batista, feminicida, bandido, está impune, vivendo em Brasília.
FUNCIONÁRIO DO LÍDER
Pois bem, outra família, neste momento, passa pela mesma dor. A 9ª Promotora de Justiça Criminal, Valéria Porpino Nunes, está sugerindo o arquivamento de um processo que apura a morte, por atropelamento irresponsável e fuga do criminoso, onde figura como vítima o então funcionário da rede de supermercados Líder, Júnior Rodrigues Moreira.
O trabalhador, que deixou uma filha jovem e especial órfã, foi atropelado com sua moto no cruzamento da Rua Mundurucus com Rua Honório José dos Santos, no bairro do Jurunas, em Belém, na madrugada do dia 24 de abril de 2023, quando se dirigia para o trabalho, na loja da Travessa Quintino Bocaiúva com Rua Engenheiro Fernando Guilhon, no bairro de Batista Campos.
Júnior Moreira transitava pela Mundurucus. Um automóvel grande avançou a preferencial e colidiu em cheio com a moto do trabalhador, que morreu quase que instantaneamente. O condutor que provocou o acidente – que se suspeita, pode ser um agente policial – desceu o veículo, olhou o que aconteceu e fugiu em seguida, em alta velocidade, sem jamais ter sido identificado.
O estranho, segundo a família, é que, na área, há câmeras de segurança, mas estas não mostram o exato momento do acidente, em que poderia ser identificado o carro, a placa e, quem sabe, até o motorista criminoso, o momento da fuga, o momento em que ele desceu etc. Só aparece o carro em alta velocidade. Não dá pra identificar nada.
Na época, até o delegado geral da Polícia Civil, Valter Rezende, pediu empenho da autoridade policial no sentido de elucidar o caso, no entanto, agora, o Ministério Público se manifesta pelo arquivamento do caso. A família esta inconformada e vai recorrer ao Parquet no sentido de que reitere novas diligências.
“Queremos justiça; queremos que esse homem que tirou a vida de nosso irmão pague pelo que fez, um crime. Ele avançou a preferencial, então, cometeu um crime, sabia que isso poderia acontecer e aconteceu”, disse Rosângela Moreira, irmã de Júnior Moreira.
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