terça-feira, junho 17, 2025
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Pesca industrial do camarão-rosa na Amazônia: estudo revela desafios econômicos e ambientais

Um dos crustáceos mais nobres da Bacia Amazônica, o camarão-rosa (Penaeus subtilis) integra o grupo de maior relevância para a pesca industrial da região  mas também é uma das capturas mais caras dos sistemas pesqueiros amazônicos. Essa foi a temática da pesquisa “Economia e sustentabilidade da pesca industrial do camarão-rosa na plataforma norte do Brasil”, conduzida pela engenheira de pesca Janayna Galvão de Araújo, no Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (NEAP), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Orientada pela professora Victoria Judith Isaac e coorientada pelo professor Marcos Antônio Souza Santos, o estudo foi estruturado em quatro capítulos que abordam desde a viabilidade econômica da atividade até seus impactos ambientais. A pesquisa traçou cenários produtivos, discutiu a necessidade de inovações tecnológicas e avaliou quem são os agentes mais afetados pela atual dinâmica da pesca.

Entre as conclusões, Janayna destacou que, apesar de ser classificada como industrial, a pesca do camarão-rosa ainda é praticada de maneira rudimentar e frequentemente invisibilizada. “Sempre tentei entender por que a pesca não acessa crédito de forma mais vantajosa, como outras atividades produtivas. Ao adentrar nesse setor, percebemos que ele se desenvolve de forma rudimentar e pouco reconhecida”, afirmou.

Impactos ambientais preocupantes

Um dos pontos críticos apontados pela pesquisa foi a elevada taxa de captura incidental. A cada quilo de camarão-rosa pescado, de 4 a 10 quilos de outras espécies marinhas são capturados e, muitas vezes, descartados. Entre eles, pequenos tubarões e animais ameaçados de extinção. Esse desperdício ocorre porque o camarão-rosa possui maior valor comercial e exige um espaço exclusivo para congelamento a bordo.

“A pescaria do camarão é muito degradante para o meio ambiente”, alerta Janayna. O método predominante, o arrasto, possui baixa seletividade, contribuindo para o desequilíbrio ecológico e colocando em risco a sustentabilidade da atividade a longo prazo.

Soluções: inovação e renovação das frotas

Entre as conclusões, Janaina destacou que apesar de ser classificada como industrial, a pesca do camarão-rosa ainda é praticada de maneira rudimentar e frequentemente invisibilizada “

Embora o camarão-rosa tenha um ciclo de vida curto e não represente risco à espécie quando capturado, a grande preocupação está no modo como a pesca é realizada. Para garantir alimentos de qualidade à população e a preservação dos ecossistemas marinhos, a pesquisadora recomenda medidas como a modernização das embarcações — muitas delas da década de 1970 , redução das capturas, certificações ecológicas e valorização dos trabalhadores do setor.

“O consumidor está cada vez mais consciente. Se não houver adequação e entendimento dos mercados, a pesca do camarão-rosa pode desaparecer”, adverte Janayna.

A pesquisa, defendida em 2021, contribui para que pescadores, empresários, governantes e ambientalistas construam políticas públicas mais eficazes, conciliando a preservação dos recursos naturais com o desenvolvimento econômico.

Imagem: Ascom UFPA

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