Com a aproximação da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025 em Belém, o setor de hospedagem do Pará projeta um cenário de grandes oportunidades mas também de preocupações. A expectativa é de que até 42 mil leitos estejam disponíveis para atender os mais de 50 mil visitantes esperados, segundo Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS).
Ampliação da rede e alternativas de hospedagem
Atualmente, a Região Metropolitana de Belém conta com cerca de 24 mil leitos, número que deve aumentar com a construção de dez novos empreendimentos, além do uso de navios de cruzeiro como hotéis flutuantes. Clubes, escolas e casas em condomínios estão sendo preparados para funcionar como opções de hospedagem popular e alternativa.
Críticas à regulação de preços
Fernando Soares criticou a proposta de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), sugerido pelo Ministério do Turismo, que visa limitar os preços da rede hoteleira durante a COP. Segundo ele, a regulação ignora os altos custos operacionais do período. “A energia triplica, a demanda por funcionários aumenta. Não é possível manter o mesmo preço com custos tão elevados”, afirmou.
A criação de uma plataforma oficial de hospedagem, também prevista pelo governo, foi vista com cautela pelo setor, que teme interferência no livre mercado.
Riscos de escassez e barreiras de comunicação
Outro ponto de atenção é a possível falta de insumos alimentares. “Imagine 20 mil pessoas pedindo o mesmo prato em uma noite. Não tem estoque que aguente”, alertou Soares. Para driblar o problema, empresários estão antecipando a compra de produtos.
A comunicação com estrangeiros é mais um desafio. Apesar de cursos de capacitação em idiomas promovidos pelo governo, o setor aposta na contratação de profissionais fluentes em inglês, francês e espanhol durante os horários de pico.
Expectativa de legado positivo
Apesar das dificuldades, Fernando Soares acredita que a COP 30 será um marco para o setor turístico e para a cidade. “Teremos um legado de infraestrutura e visibilidade internacional. Mas o atendimento ao público é o que vai garantir que os visitantes queiram voltar”, destacou.
A articulação entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil será fundamental para que o evento seja um sucesso e deixe um impacto positivo duradouro para Belém e o Pará.
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