quarta-feira, julho 30, 2025
Desde 1876

Artistas reescrevem a história da arte com olhar antirracista e anticolonial; exposições chegam ao Brasil

A arte clássica está ganhando novos contornos e vozes. Obras que por séculos silenciaram personagens negros e naturalizaram violências coloniais agora são reinterpretadas com protagonismo afrodescendente. O destaque fica para o artista beninense Roméo Mivekannin, que recria pinturas famosas do Museu do Louvre inserindo seu próprio rosto  um homem negro no lugar das figuras brancas retratadas originalmente.

A exposição O Avesso do Tempo, que ocupou o Louvre Lens, na França, chega ao Brasil entre agosto e novembro no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, como parte da Temporada França-Brasil. Usando lençóis antigos como telas material carregado de simbolismo em sua cultura  Mivekannin questiona quem é retratado, quem pinta e quem foi historicamente apagado das obras.

Um exemplo marcante é a releitura da pintura “A Balsa da Medusa”, onde ele substitui alguns dos sobreviventes do naufrágio com seus autorretratos. Em outra obra, no lugar de “Madeleine”, uma mulher negra escravizada retratada em 1800, é o próprio artista quem aparece com o olhar fixo no público. O gesto é parte de um processo ritual: ele pede permissão às figuras históricas para ocupar seus lugares, em uma prática ligada ao vodu, religião originária do Benin.

Outra exposição que chega ao país no mesmo período é Brasil Ilustrado Um legado pós-colonial de Jean-Baptiste Debret, que será apresentada no Museu do Ipiranga, em São Paulo. Debret retratou o Brasil escravocrata do século XIX com cenas chocantes para a Europa da época  mas vistas com naturalidade no Brasil. A mostra propõe uma nova leitura dessas imagens e reúne obras de 15 artistas contemporâneos brasileiros que recriam ou dialogam com os registros do francês.

Entre os destaques está a obra Retrato da Mãe e transformações, de Eustáquio Neves, que sobrepõe negativos da própria mãe com a máscara de ferro usada para impedir que pessoas escravizadas cometessem suicídio. Já em Trabalho, Jaime Lauriano reúne frases e objetos que reforçam estigmas racistas ainda presentes no cotidiano.

As exposições fazem parte da Temporada França-Brasil 2025, iniciativa conjunta dos governos dos dois países para fortalecer laços culturais, com foco em diversidade, democracia e transição ecológica. A programação se estende até dezembro e vai percorrer 15 cidades brasileiras, incluindo São Paulo, Salvador, Belém, Recife e Macapá.

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