A Polícia Federal, em conjunto com a Polícia Científica do Pará, iniciou na noite de ontem, segunda-feira, 15, os trabalhos de identificação dos nove corpos encontrados por pescadores em embarcação à deriva na localidade de Tamatateua, região de Bragança/PA, na manhã do último sábado, 13. Depois da longa e exaustiva operação de resgate, que contou com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e da Marinha do Brasil, enfrentando os efeitos da maré, mau tempo e escuridão, durando cerca de 34 horas, a embarcação foi coberta com lona preta e içada, com ajuda de uma retroescavadeira, para um caminhão prancha da Marinha. Em seguida, o batelão, feito artesanalmente em madeira, alumínio e fibra foi levado até o Instituto Médico Legal, em Bragança, onde foi iniciada a contagem dos corpos.
O trabalho realizado pelas instituições tem por objetivo estabelecer a identidade dos corpos adotando protocolos de identificação de vítimas de desastres da Interpol (DVI). Além da identidade, os trabalhos periciais terão por objetivo verificar a origem dos passageiros, a causa e o tempo estimado dos óbitos.
Ao todo, foram encontrados nove corpos, sendo oito dentro da embarcação e um nono corpo próximo a ela, em circunstâncias que sugeriam fazer parte do mesmo grupo de vítimas.
Documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali, não sendo possível descartar a existência de pessoas de outras nacionalidades.
As atividades de identificação são realizadas na sequência da ação de resgate, que teve participação da Polícia Federal, Marinha do Brasil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança.
PERÍCIA EM BELÉM
Depois de feita a contagem das vítimas, as informações são de que tanto a embarcação quanto os corpos serão trazidos para Belém, onde será feito o trabalho de necropsia e perícia na sede do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, no bairro do Benguí, em Belém. Os trabalhos devem começar já nesta terça-feira.
Já a embarcação será transportada até a Base Naval, onde também será periciada para se tentar identificar sua origem.
Imagem: Fabia Sepêda/Reprodução