Com a presença de cerca de 400 indígenas de diferentes regiões do estado, teve início nesta segunda-feira (14) a programação da “Semana dos Povos Indígenas: Aldeando a COP30”, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, em Belém. Promovido pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), o evento é gratuito, aberto ao público e segue até o dia 16 de abril, com uma série de atividades que unem cultura, debate político, educação e cidadania.
O tema “Aldeando a COP30” marca o envolvimento dos povos originários no processo de preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em 2025. A proposta é garantir o protagonismo dos povos indígenas na construção das pautas ambientais que serão debatidas no evento global.
Durante a abertura, lideranças indígenas, representantes da educação escolar indígena, da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), da Defensoria Pública e da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) destacaram a importância de políticas públicas construídas com participação ativa dos povos tradicionais. “Estamos aqui para dialogar e construir uma política indigenista que seja feita por nós, com respeito à nossa cultura, ao nosso território e à nossa forma de viver”, afirmou a secretária estadual Puyr Tembé.

O evento também marcou o início do Seminário de Educação Escolar Indígena, que discute a construção de uma política estadual inédita voltada à educação dentro dos territórios indígenas. A proposta está sendo desenvolvida por um Grupo de Trabalho (GT), criado pelo Decreto nº 4.430/2025, e passará por consulta às oito etno-regiões do estado antes de ser enviada à Assembleia Legislativa.
A secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça,Pitaguary, reforçou a ligação entre a pauta ambiental da COP30 e o papel dos povos indígenas: “85% da biodiversidade do planeta está nos territórios indígenas. As menores taxas de desmatamento estão onde há presença indígena. Somos os verdadeiros guardiões da floresta.”
Além dos debates, a Semana conta com a II Feira de Arte Indígena, com produção artesanal de dezenas de etnias como Kayapó, Munduruku, Tembé, Xikrin, Wai Wai, Juruna, entre outras. No espaço, são expostos colares, pinturas corporais, artefatos tradicionais e grafismos feitos com urucum e jenipapo, celebrando a diversidade cultural e ancestralidade.
Também há ações de cidadania com emissão de documentos, apoio jurídico, orientação eleitoral e espaço voltado a atividades educativas, em parceria com órgãos como a Defensoria Pública, Polícia Civil, Sespa, Funai, TRE e OAB-PA.
Por: Thays Garcia
Imagem: Agência Pará