Atleta é a mais jovem tenista a entrar no ranking profissional da WTA e coleciona torneios internacionais na carreira

Enquanto os holofotes do Brasil estão voltados para João Fonseca, prodígio do tênis de 18 anos, que se tornou o brasileiro mais jovem a conquistar um título ATP, outras promessas ainda mais novas vêm ganhando força no esporte. Uma delas é Nauhany Silva, que aos 14 anos se tornou a atleta mais jovem a integrar o ranking profissional da WTA (Associação de Tênis Feminino). “Sempre quis fazer carreira com o tênis. Depois que comecei a treinar todos os dias, percebi que conseguiria.”
Conhecida como Naná, a paulistana cresceu no tênis feminino nos últimos anos. Com um sorriso tímido, ela é um avião na quadra e ficou conhecida pelo estilo agressivo: em 2024, sacou a 189 km/h. O recorde de Serena Williams, por exemplo, é um saque de 206.4 km/h.
Desde os 12 anos, marca presença em torneios internacionais e já coleciona duas participações em Grand Slams. “No Roland-Garros, joguei na primeira rodada e perdi, mas foi uma experiência incrível, porque consegui acompanhar os profissionais de perto e comi do lado do Djokovic [risos].”
Para chegar ao torneio, a atleta precisou vencer o Roland-Garros Junior Series no clube Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo. “Foi a competição mais marcante até agora, porque me garantiu uma vaga no meu primeiro Grand Slam.”
A cazaque Elena Rybakina, a belarussa Aryna Sabalenka e a brasileira Bia Haddad são algumas das inspirações da atleta, mas o maior exemplo vem do pai, Paulinho, professor de tênis.
Moradores de uma comunidade na Zona Sul de São Paulo, pai e filha usavam as paredes de casa para treinar, de forma lúdica, as primeiras lições de tênis, quando a atleta tinha apenas dois anos. “Já são 12 anos jogando. Meu pai jogou até os 9, passou isso para mim e agora também estamos passando para a minha irmã mais nova.”

Nauhany herdou a paixão pelo tênis do pai, Paulinho
Com o tempo, o pai cedeu o lugar de treinador para a equipe da Rede Tênis Brasil, mas faz questão de acompanhar de perto o progresso de Nauhany. “Ele me acompanha em tudo desde pequena, nos torneios e quadras. Temos uma mistura de relação pessoal e profissional.”
A certeza de que Nauhany iria seguir carreira no esporte veio aos sete anos, quando começou a participar de competições. “Estava perdendo bastante no início e meu pai me perguntou: ‘Você quer mesmo jogar?’ E eu falei: ‘Quero treinar para ganhar.’” Nesse momento, ela decidiu passar um ano só treinando, sem competir. Quando finalmente retornou às competições, começou a ir bem. “Foi aí que percebi que o meu objetivo de vida é jogar tênis. Tomei essa decisão aos oito anos e sigo até hoje.”

Desde cedo, a tenista se mostrou determinada a seguir carreira no esporte
Atualmente, a rotina da tenista envolve treinos em dois períodos: de manhã, treina quadra e físico, e após uma pausa para o almoço, repete os treinos de tarde. O fim do dia fica reservado para as aulas online da escola e de inglês, além do merecido descanso. “Tenho tempo de leitura, de psicóloga, da escola, da internet. É tudo bem regrado.”
Conciliar a rotina intensa com a vida adolescente não é fácil, mas Nauhany foi encontrando o equilíbrio. “Quando ainda estudava presencialmente, só faltava. Meus colegas até me chamavam de turista quando eu aparecia [risos].” Hoje, ela tem aulas online, mas garante que o modelo também tem seus desafios. “É preciso disciplina para entrar todo dia e fazer as tarefas, mesmo depois de estar cansada de um dia inteiro de treino.”
Quando não está com os pés nas quadras, a parte preferida da rotina é viajar. “Adoro conhecer novos países. Acabei de voltar da Austrália e foi bem legal, apesar de ser muito quente. O Roland-Garros em Paris também me marcou muito”, diz. “São muitas viagens, então já vivi várias coisas nesses dois anos. Parece que é pouco, mas para mim é bastante.”
Apesar de jovem, a atleta já aprendeu algumas lições ao longo da carreira, como lidar com as emoções dentro de jogo. “Como treino todos os dias, tenho muita confiança em mim nessas horas. Quando chego no torneio, já sei o que consigo fazer e fico tranquila”, explica. “É como aquela frase da Billie Jean: ‘A pressão é um privilégio.’”
Nauhany já virou referência para tenistas ainda mais jovens que a acompanham de perto, mas acredita que ainda tem um longo caminho antes de se tornar exemplo para novas gerações de atletas. “Ainda tenho que trabalhar muito duro para ser uma inspiração.”
Em transição da modalidade juvenil para a profissional, a tenista tem um objetivo certeiro para este ano: “Quero ganhar meu primeiro título profissional.” Mas a principal meta é mais ambiciosa: “Sou sonhadora. Quero ser a número um do mundo e ganhar o Grand Slam.”
Reprodução: Mariana Krunfli