O jornalismo paraense se despede de um de seus maiores nomes. Faleceu na manhã deste domingo, 11 de maio, em Belém (PA), o jornalista, professor e pesquisador Manuel José Sena Dutra, aos 79 anos. Natural da comunidade de Boim, na região de várzea de Santarém, Dutra foi uma voz ativa em defesa da Amazônia e das populações tradicionais ao longo de mais de cinco décadas de atuação.
Ele lutava contra um câncer no fígado, descoberto recentemente. O avanço rápido da doença impossibilitou o início do tratamento. Segundo amigos próximos, como o jornalista Jota Ninos, Dutra enfrentou os últimos dias com serenidade, mesmo diante do agravamento do seu estado de saúde.
A despedida aconteceu neste domingo (11), com velório a partir das 14h no Max Domini, em Belém. Atendendo a um desejo seu, o corpo será cremado e as cinzas lançadas no rio Tapajós lugar que ele pesquisou, defendeu e amou profundamente.
Um legado de ética e compromisso com a Amazônia
Manuel Dutra foi mais do que um jornalista. Foi uma referência na comunicação amazônica, reconhecido por seu trabalho sério, sua postura ética e seu olhar crítico sobre os grandes projetos que afetam a região. Vencedor de três Prêmios Esso de Jornalismo na Região Norte (1988, 1990 e 1994), suas reportagens sobre garimpo ilegal e os impactos da poluição nos rios da Amazônia marcaram a história do jornalismo ambiental no Brasil.
Além de sua atuação em veículos como O Liberal, O Estado de S. Paulo, Rádio Rural de Santarém e TV Liberal, Dutra contribuiu com projetos de comunicação comunitária e educação ambiental. Também teve uma carreira acadêmica sólida: era doutor em Ciências Sócio-Ambientais pela UFPA e atuou como professor na UFPA, UFOPA, Unisinos e no IESPES, onde coordenou o primeiro curso de Jornalismo em Santarém.
É autor de livros importantes como O Pará dividido: discurso e construção do estado do Tapajós e A natureza da mídia: os discursos da TV sobre a Amazônia, a biodiversidade e os povos da floresta.
Uma vida que segue inspirando
A última homenagem a Manuel Dutra ocorre neste domingo (11), em Belém, e a cerimônia de cremação será informada posteriormente pela família. Suas cinzas repousarão no Tapajós, como ele sempre desejou símbolo de reencontro com a terra e com as águas que tanto narraram suas histórias.
A equipe do portal A Província do Pará lamenta profundamente o falecimento do jornalista Manuel Dutra, referência maior da imprensa amazônica. Nos solidarizamos com familiares, amigos, alunos e colegas de profissão. Que sua trajetória continue a inspirar as novas gerações de comunicadores.
Descanse em paz, mestre Dutra. Seu legado é eterno.
Da Redação/Foto: Reprodução