quarta-feira, julho 23, 2025
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Jambu e açaí saem do prato e entram no consultório: pesquisas da UFPA exploram o potencial da Amazônia na saúde bucal

O jambu e o açaí, símbolos da culinária paraense, agora ganham protagonismo também na odontologia. Pesquisas realizadas no Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) mostraram que esses ingredientes amazônicos têm potencial para contribuir com tratamentos bucais inovadores e naturais.

A tese de Brennda Lucy Freitas de Paula investigou o uso do extrato de jambu no alívio da sensibilidade dentária após o clareamento dental. Conhecido por causar uma leve dormência na boca, o jambu chamou a atenção da pesquisadora justamente por esse efeito sensorial. “A sensação anestésica que sentimos ao comer jambu vem do bloqueio dos canais de dor. E esses mesmos canais estão presentes no dente”, explica Brennda.

O estudo foi pioneiro: como não havia pesquisas anteriores relacionando jambu à odontologia, toda a metodologia teve que ser construída do zero, com apoio do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA). O gel desenvolvido passou por diversas etapas, desde testes com células até ensaios clínicos com voluntários, que usaram um gel placebo ou com o extrato purificado incolor, sem odor e aplicado apenas em consultório. Os resultados mostraram que o jambu tem potencial para oferecer conforto no clareamento, algo que os tratamentos atuais nem sempre garantem.

Já a dissertação de Zuleni Alexandre da Silva focou no uso do açaí clarificado como tratamento complementar da periodontite, uma inflamação severa da gengiva que pode levar à perda dos dentes. A pesquisa foi feita com um modelo experimental em ratos. Primeiro, a doença foi induzida com a colocação de um fio de algodão entre os dentes. Depois, o açaí foi administrado ao longo de 28 dias.

Embora não tenha havido regeneração óssea nesse período, os resultados bioquímicos se destacaram: o açaí ajudou a equilibrar os parâmetros antioxidantes no sangue dos animais, favorecendo o controle da inflamação. Segundo Zuleni, o fruto pode vir a ser usado futuramente como coadjuvante no tratamento da periodontite. “Queremos continuar os estudos com períodos maiores e entender melhor a resposta do organismo”, conta.

As duas pesquisas reforçam o valor do conhecimento tradicional aliado à ciência, explorando o potencial terapêutico da biodiversidade amazônica. Tanto o jambu quanto o açaí, além de sabores da cultura local, agora também representam novas possibilidades para a odontologia, conectando saberes populares com avanços científicos.

Imagem: Ascom UFPA

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