Cuiabá tem se destacado nos últimos dias como uma das regiões mais quentes do Brasil. O calor intenso tem sido uma constante, e muitos se perguntam o que está causando essas altas temperaturas. Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, oferece algumas explicações.
O especialista aponta que a geografia de Cuiabá, localizada no centro do Brasil, desempenha um papel crucial. Segundo ele, a região recebe ar quente vindo do Norte e não tem a influência do oceano para amenizar as temperaturas. Isso faz com que as temperaturas se mantenham elevadas na área.
Além da geografia, a época do ano também contribui para o calor extremo. Este período é tradicionalmente o mais quente no centro do Brasil, devido à ausência de chuvas e à dificuldade das massas de ar frio em avançar para a região. A combinação desses fatores resulta em temperaturas elevadas por tempo mais prolongado.
Como mencionado, a localização de Cuiabá no coração da América do Sul significa que a cidade está longe de quaisquer corpos d’água grandes, que poderiam ter um efeito moderador sobre o clima. Esta ausência de influência oceânica é um dos motivos das temperaturas extremas.
A faixa central do Brasil, que inclui regiões como São Paulo, norte do Paraná, sul de Minas Gerais, sul de Goiás, Mato Grosso do Sul, oeste do Mato Grosso, Rondônia e sul do Amazonas, tem experimentado temperaturas cerca de 5ºC acima da média por períodos prolongados. Isso intensifica a sensação de calor e torna a vida diária mais desafiadora para muitos.
Diversas capitais brasileiras estão registrando temperaturas acima dos 35ºC. Aqui estão algumas das mais quentes:
- Belém – 36°C
- Boa Vista – 37°C
- Campo Grande – 39°C
- Cuiabá – 41°C
- Goiânia – 36°C
- Manaus – 38°C
- Palmas – 37°C
- Porto Alegre – 36°C
- Porto Velho – 38°C
- Rio Branco – 36°C
- Rio de Janeiro – 37°C
- Teresina – 38°C
FUMAÇA
A combinação de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar é especialmente preocupante. Apenas Sergipe, Alagoas, Amapá e Roraima não esperam queda significativa na umidade. Nos outros estados, ela varia de 20% a 30%, o que pode trazer sérios problemas para a saúde.
Além disso, a fumaça decorrente das queimadas agrava a situação, causando problemas respiratórios. O acúmulo de poluentes no ar torna essencial o cumprimento de algumas recomendações do Ministério da Saúde:
- Beber muita água para manter as vias respiratórias hidratadas.
- Evitar sair durante os horários de maior poluição.
- Fechar portas e janelas durante os picos de concentração de partículas.
FRENTE FRIA
A previsão indica que uma nova frente fria deve trazer algum alívio temporário para o calor extremo nos próximos dias. No entanto, essa frente fria não será suficiente para romper o bloqueio atmosférico que tem causado a onda de calor.
“Essa frente fria não chega a romper o bloqueio por completo, mas acaba com a onda de calor no Sul, leste de São Paulo, Rio de Janeiro e também sul do Mato Grosso do Sul”, comenta Luengo. Os estados que devem sentir mais a queda nas temperaturas são Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul.
No Centro-Oeste, as temperaturas devem baixar em Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso e sul de Goiás. Já no Sudeste, a frente fria deve amenizar o calor em São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, mas apenas momentaneamente.
Enquanto isso, a expectativa de chuvas regulares se mantém baixa. Segundo Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo, “nós só vamos começar a pensar nessas pancadas de chuva caindo quase todas as tardes a partir da segunda quinzena de outubro”.
Até lá, as chuvas devem se concentrar em pontos isolados da costa leste do Nordeste, no sul do Nordeste e partes do litoral do Sudeste. Apenas uma chuva volumosa pode dissipar efetivamente a poluição e a fumaça que têm assombrado os céus do Brasil.
Fonte e imagem: Portal Terra Brasil