sexta-feira, fevereiro 7, 2025
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Alimentação servida nas escolas municipais de Belém é livre de alimentos ultraprocessados

Nesta semana, o Governo Federal determinou a redução de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados que poderão compor o cardápio das escolas. Em Belém, a Secretaria Municipal de Educação, por meio da Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae), já trabalha com um cardápio livre de alimentos ultraprocessados e com uma quantidade mínima de processados, valorizando alimentos naturais, regionais e provenientes da agricultura familiar local.
 
A cada ano, a equipe de nutricionistas da Fmae planeja e prepara um cardápio que atenda as necessidades nutricionais das diferentes faixas etárias da rede municipal de ensino, além de orientar as escolas, merendeiros (que manipulam os alimentos), estudantes e famílias, conforme preveem as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). 

“Nós trabalhamos para que os alunos tenham uma merenda de qualidade, nutritiva e bem aceita pelos alunos”, afirma a diretora-geral da Fmae, Neusa Lobato, que também é nutricionista. O trabalho da Fmae inclui o planejamento, a logística de contratação (via pregão e chamada pública), distribuição, orientação e educação nutricional e avaliação do que é servido nas escolas.  
 
A diretora da Unidade de Ensino Infantil Casa da Amizade (Icoaraci), Monique Cruz, atesta a qualidade da merenda. “Avalio como excelente, por conta da questão nutricional, porque é uma alimentação completa. As nutricionistas da Fmae dão preferência a alimentos naturais, que não sejam ultraprocessados”, atesta a diretora. A unidade escolar possui turmas do Maternal II, Jardim I e Jardim II, e em cada turno são servidas duas merendas: um lanche e uma refeição completa.

A Lara Mariana tem 2 anos de idade e é a primeira vez que frequenta uma escola pública. Ela está no processo de adaptação na Unidade de Educação Infantil Catalina I no bairro do Bengui, e como diz o seu responsável, Marco Antônio Nascimento, Lara tem gostado muito da alimentação que é servida na escola “Eu perguntei se ela tinha almoçado, me respondeu que sim, e que a comida é muito gostosa. Achei isso muito legal, porque a prefeitura leva a sério essa merenda e tem até nutricionista pra balancear essa merenda, estou contente com isso”, disse Antônio.
 
Valorização do alimento regional

O Pnae determina que o mínimo de 30% dos recursos da merenda escolar sejam utilizados na aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar. “Hoje temos três cooperativas de agricultura familiar que atendem as escolas, e a preferência é que sejam de Belém, embora tenhamos produtores de cidades vizinhas também”, afirma Neusa.
 
Além de movimentar a economia local, também há uma valorização dos alimentos e da culinária regional. A nutricionista Ana Clara Miranda, Chefe da Divisão de Planejamento e Organização da Fmae, conta que isso já é realizado nas escolas de Belém, e que para 2025, por exemplo, estará incluso no cardápio uma variedade de alimentos regionais. “A gente vai ter açaí, pupunha, tucupi, cupuaçu, jambu, cariru, entre outros. E já experimentamos também servir vatapá de frango, que foi muito bem aceito pelos alunos”, afirma a nutricionista. 
 
Garantia de direito básico

Todos os dias, as escolas municipais de Belém recebem estudantes que vêm de diferentes contextos socioeconômicos, muitos deles de insegurança alimentar. Seja pela escassez do alimento ou pela qualidade do que é servido na mesa. “Nós estamos num meio onde as crianças têm uma carência alimentar. Se você for conversar com as crianças, o que eles comem em casa é completamente diferente [do que é servido na escola]. Geralmente eles comem enlatados, embutidos, até pela questão socioeconômica”, comenta a diretora Monique. 
 
Ela ressalta a importância cognitiva da alimentação, porque interfere diretamente no aprendizado. “Tem crianças que vêm para cá para comer, para não passar fome, e tem aquelas que não tem comida de qualidade. E criança que não está alimentada não consegue aprender”, complementa a diretora.

Nessa perspectiva, a diretora do Departamento de Assistência da Fmae, Rosana Costacurta, também destaca a alimentação de qualidade nas escolas como um direito básico. “Sem estar alimentado, com fome, ou mal alimentado, ninguém aprende. O nosso objetivo final é que esse aluno receba o que é direito dele, e isso é um direito básico: alimentação adequada, de qualidade. Por isso a gente sempre pensa no melhor, inclusive na melhor forma de orientar as famílias por uma alimentação mais adequada”, explica a diretora.
 
A fim de melhorar o serviço, a Semec aprovou um aumento da quantidade per capita da merenda, que é o peso de cada alimento por aluno em cada refeição. “Nós trabalhávamos com a per capita mínima estabelecida pelo Pnae. Agora o atual secretário de Educação disse que poderíamos aumentar, e nós acrescentamos mais ovos, pão, hortifrutis, mais verdura, então tudo isso melhorou o nosso cardápio”, afirma Neusa Lobato. 
 
Alimentação é educação
 
Outra vertente de trabalho da Fmae é a educação alimentar nas escolas, que passa pela orientação da equipe escolar, dos merendeiros, mas também pela educação de alunos e famílias. “Alimentação é educação, a gente trabalha com isso. O nosso ‘cliente’ é o aluno, que está em sala de aula, mas que também vai para casa, por isso a família também precisa ser envolvida”, comenta Rosana.
 
Ela explica que existem crianças que se alimentam mal em casa, com excesso de açúcar, por exemplo, e que quando chegam na escola têm dificuldade de aceitar a merenda. “A gente precisa introduzir o hábito saudável na criança, a gente não pode ‘alimentar’ o costume que ela tem em casa. Alimentação é educação. E a gente começa desde cedo”, complementa a diretora.
 
Nem todas as crianças aceitam de primeira o que é servido. Mas é nesse momento que merendeiros e professores são envolvidos no processo. A diretora Monique Cruz explica que nos casos de alunos com seletividade alimentar que rejeitam alguns alimentos, é realizado um trabalho feito pela equipe escolar que passa por apresentar a comida, a textura, o cheiro, de tornar o momento da refeição um momento alegre e leve, até que esse aluno encare aquele alimento de outra forma. “A alimentação não é só uma questão nutricional, mas é também pedagógica”, comenta Monique.

Texto: Élida Miranda/Ascom Semec

Texto: Sabrina Linhares

Fonte: Agência Belém/Foto: Luis Miranda/Ascom Semec

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