Demi Moore foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua performance vulnerável e brutal em A Substância.
Luiza Zauza – Por Adoro Cinema
Poucos atores podem realmente dizer que um papel conversa diretamente com a sua vida. Demi Moore é uma dessas excepcionalidades que, por razões infelizes, teve sua verdadeira trajetória em Hollywood quase que encarnada na trama do body horror indicado ao Oscar, A Substância.
Na pele da personagem Elizabeth Sparkle, uma estrela de cinema em declínio, Moore vive as consequências trágicas da ambição pela juventude e pela perfeição, algo não muito diferente do que passou pessoalmente durante o auge de sua carreira.
“Eu me torturava. [Fazia] coisas malucas como andar de bicicleta de Malibu até a Paramount, que fica a cerca de 41 quilômetros [de distância]”, comentou a atriz numa entrevista para a People. “Tudo porque eu colocava muito valor na minha aparência exterior”
Aberta sobre sua experiência com dietas e rotina extrema de exercícios para manter o que considerava ser a “correta forma hollywoodiana”, Moore admitiu ainda que era “muito dura e tinha uma relação muito mais antagônica com meu corpo. Eu estava realmente punindo a mim mesma”
Para a atriz de clássicos dos anos 90 como Striptease, Ghost e Proposta Indecente, o limite para essa obsessão veio depois de precisar se preparar fisicamente para o papel da tenente Jordan O’Neill em Até o Limite da Honra:
Eu já tinha transformado meu corpo múltiplas vezes, e obviamente esse era um corpo muito maior e mais musculoso. Tive uma experiência incrível nesse filme e pude experimentar esse senso de força. Mas percebi que não queria usar isso. Queria ter isso dentro de mim. Acho que estava exausta de passar por tanta coisa por um período tão longo de tempo
Hoje, Demi Moore afirma ter uma relação bem mais saudável e intuitiva com sua aparência e seu corpo. “Eu tenho uma apreciação maior por tudo que meu corpo passou e que me trouxe até aqui e agora”, comentou. “Como o quanto é incrível que ele cresceu três maravilhosos seres humanos e, em geral, tenho uma saúde realmente boa. Isso não significa que, às vezes, eu não me olhe no espelho e pense: “Meu Deus, pareço velha” ou “Oh, meu rosto está caindo”. Isso acontece. Mas, ao mesmo tempo, posso aceitar que essa é a situação em que me encontro hoje e saber que a diferença é que isso não define meu valor ou quem eu sou”.
A Substância está disponível na Mubi.
Adoro Cinema – Por Luiza Zauza