quinta-feira, julho 17, 2025
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Inovação no Pará: mandioca e caroço de açaí viram embalagens sustentáveis

Com o apoio de instituições científicas do Estado, a UFPA está investindo em pesquisas para reduzir o impacto dos resíduos plásticos, que degradam principalmente os oceanos.

Pela primeira vez na Amazônia, a COP30 – conferência que reunirá países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) – encontrará em Belém um cenário promissor na busca por soluções sustentáveis. Uma dessas iniciativas é o Projeto “Bioembalagens da Amazônia”, desenvolvido pelo Laboratório de Biossoluções e Bioplásticos da Amazônia (Laba) da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa), a pesquisa utiliza dois elementos essenciais da gastronomia paraense – mandioca e açaí – para reduzir o impacto ambiental dos resíduos plásticos, que degradam principalmente os oceanos.

O Projeto, que também conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a intervenção da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), visa substituir embalagens derivadas de petróleo por alternativas biodegradáveis. Essas embalagens são produzidas a partir do amido de mandioca e do resíduo do caroço de açaí, matérias-primas abundantes no Pará.

Bioeconomia e Soluções Locais
“O objetivo é criar protótipos de embalagens sustentáveis, alinhados a políticas públicas de inovação tecnológica e sustentabilidade, reduzindo o descarte inadequado de plásticos convencionais. Além disso, valorizamos recursos naturais locais e fortalecemos a bioeconomia regional”, explica o coordenador da pesquisa, professor José de Arimateia Rodrigues.

A escolha do açaí como base se deve à sua relevância socioeconômica, já que o Pará é o maior produtor nacional do fruto, que faz parte do cardápio diário da maioria da população. A mandioca, por sua vez, além de expressiva na agricultura local e fundamental na alimentação (especialmente como farinha), é amplamente estudada como matéria-prima para bioplásticos.

O desenvolvimento das embalagens envolve análises físico-químicas, produção de filmes biodegradáveis, testes tecnológicos e a criação de protótipos para aplicação industrial.

Contribuição Global e Conhecimento Científico
A pesquisa paraense busca uma solução para um problema global. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), plásticos representam 85% dos resíduos encontrados nos oceanos, podendo chegar a 37 milhões de toneladas por ano até 2040. No Brasil, mais de 3 milhões de toneladas de plástico têm potencial para poluir o meio ambiente anualmente, com a foz dos rios amazônicos sendo uma das áreas mais críticas. Estudos da UFPA apontam que 98% dos peixes analisados na Amazônia possuem partículas plásticas em seus organismos.

“Esse projeto contribui diretamente para enfrentar essa realidade, promovendo o uso sustentável de resíduos agroindustriais e fortalecendo cadeias produtivas locais”, destaca José de Arimateia Rodrigues.

O projeto está integrado aos marcos estratégicos do Governo do Pará voltados ao desenvolvimento sustentável, como a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (PEMC), o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) e a Estratégia Estadual de Bioeconomia (PlanBio). Além disso, atende a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, como o ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima), ODS 14 (Vida na água) e ODS 15 (Vida terrestre).

“O conhecimento científico pode ser a base para políticas públicas mais sustentáveis e para um futuro climático mais seguro. Nosso projeto mostra que a Amazônia é também um centro de inovação e soluções sustentáveis, contribuindo diretamente para os debates que antecedem a COP30”, afirma o coordenador.

Além de sua contribuição ambiental e científica, a iniciativa é um importante polo de formação de profissionais qualificados. O projeto já capacitou 13 estudantes de graduação, três de mestrado, dois de doutorado e três de pós-doutorado, consolidando o “Bioembalagens da Amazônia” como um centro de excelência acadêmica e científica na região.

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