quinta-feira, agosto 14, 2025
Desde 1876

Por que o brasileiro ama tanto açúcar? Um olhar sobre história e hábitos alimentares

Do morango do amor aos brigadeiros gourmet, passando pelos bolos de pote e ovos de Páscoa recheados, o Brasil já viveu diversas “febres” de doces. Mas por que o brasileiro tem uma relação tão intensa com o açúcar?

Uma história que vem da colonização

A cana-de-açúcar, originária da Papua-Nova Guiné, foi cultivada há cerca de 10 mil anos e se espalhou pelo mundo. No século 14, Portugal investiu nas primeiras grandes plantações na Ilha da Madeira, levando o modelo ao Brasil no século 16.

Na colônia, o açúcar virou a principal commodity, produzido em larga escala com mão de obra escravizada. Essa fartura ajudou a transformar o paladar local: receitas antes adoçadas com mel passaram a usar açúcar, influenciando bolos, compotas e a própria doçaria conventual, herança da culinária portuguesa.

Influências africanas e indígenas

Além dos portugueses, africanos e indígenas também marcaram o gosto nacional. Preferiam a doçura natural da cana, do mel e de frutas como cupuaçu, açaí e caju.

O leite condensado: revolução doce

No século 20, a industrialização trouxe novidades como refrigerantes, biscoitos recheados e o leite condensado, que virou estrela das sobremesas brasileiras.

Presente em 94% dos lares, segundo pesquisa, ele está em cerca de 60% das receitas doces do país. Sua praticidade e sabor agradam tanto que vai do brigadeiro ao pudim, passando por mousses e pavês.

Curiosamente, no início, era vendido como substituto do leite para crianças algo hoje desaconselhado por especialistas.

Açúcar na política e no cotidiano

O próprio brigadeiro nasceu em 1945 como doce de campanha eleitoral para o candidato Eduardo Gomes. Décadas depois, o leite condensado voltou ao noticiário em meio a polêmicas sobre gastos do governo federal.

Culturalmente, o doce no Brasil tem função social: é presente em visitas, comemorações e até em momentos de condolência.

Somos mais doces que o resto do mundo?

Comparações mostram que sim. Receitas brasileiras costumam levar cerca de 50% mais açúcar que versões de outros países. Um bolo de cenoura, por exemplo, pode ter o dobro de açúcar da receita inglesa.

Quanto consumimos?

O brasileiro ingere, em média, 80 g de açúcar por dia 50% acima do recomendado pela OMS. É um dos maiores índices do mundo, ao lado de EUA, Rússia e México.

Nos anos 1930, eram 15 kg por pessoa por ano. Hoje, são cerca de 65 kg.

O lado amargo do excesso

O consumo elevado está ligado a problemas como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Especialistas recomendam moderação: reduzir aos poucos o açúcar adicionado, evitar ultraprocessados e resgatar o sabor natural dos alimentos.

Imagem: Arte Redação

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