Uma programação gratuita promove uma visita guiada pelo bairro da Cremação, em Belém neste sábado, 03. A proposta é conhecer a história do local, que surgiu ainda no começo do século 20, e concentra diversas manifestações populares. A iniciativa é uma parceria do Coletivo Paráciclo e o Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) para promover o debate sobre mobilidade, racismo e cidadania na periferia da Amazônia urbana. Para participar, basta se inscrever online.
O bairro surge no começo do século 20, a partir da usina que cremava resíduos produzidos na capital. Com forte cultura popular, o bairro é marcado por manifestações como a Malhação de Judas, tradição desde a década de 1970; e a escola de samba Xodó da Nega, a principal da Cremação e uma das mais tradicionais de Belém.
“Vamos observar a história do bairro, e também aspectos de uma mudança mais recente, como a abertura de canais para saneamento e de praças, que são resultados de conquistas sociais, além de abordar debates como gentrificação”, diz Pedro Cruz, ativista do Cedenpa e professor de educação popular.
Haverá intervenção artística com Dayane Tupinambá, grafiteira, MC e arte educadora indígena. Sua arte expressa a riqueza da cultura originária com influências urbanas, utilizando cores intensas e personagens antropomórficos.
A programação do 5º Mini Fórum promovido pelo Paráciclo reúne ainda a artista visual Potira, que já participou de exposições que vão desde o interior do Pará até Lisboa, em Portugal, abordando temáticas como, raça, classe, gênero, territorialidade, imigração e meio ambiente, junto do sonho e da encantaria. Outro convidado é Brendal Farias Pedroso, artista negro, ilustrador, animador arte-educador.
O que racismo e mobilidade têm a ver?
A programação integra o 5º Mini Fórum, que reúne ativistas do Paráciclo, coletivo de cicloativistas da Amazônia urbana, em parceria com o Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), referência nacional na defesa dos direitos de pessoas pretas na região Norte.
A parceria busca destacar a relação entre o debate sobre racismo e mobilidade na Grande Belém. O ativista Pedro Cruz destaca que a promoção da igualdade racial passa pela garantia de mobilidade para as comunidades negras, e isso não é apenas uma questão de deslocamento, mas sim de acesso pleno à educação, ao trabalho e ao lazer.
“É preciso ter condições seguras para ir e vir, e conseguir chegar à escola, ao trabalho, às programações culturais, em qualquer horário do dia. Da mesma forma, o Paráciclo, enquanto movimento que luta pelo direito à mobilidade urbana sustentável e acessível, defende a construção de cidades mais justas e inclusivas, onde o direito de ir e vir seja garantido para todos”, defende Pedro.
O encontro marca o encerramento do 1º Circuito de Mobilidade de Belém, que percorre bairros da periferia da Grande Belém para dialogar sobre os desafios da mobilidade e acesso à cidadania. Desde outubro de 2024, o encontro já foi realizado nos bairros Águas Lindas, Mangueirão, Terra Firme, e na comunidade da Vila da Barca. O objetivo é reverberar as reivindicações da população junto ao poder público, e levar até a prefeitura de Belém um documento que reúna os principais pontos dos debates.
Serviço: 5º Mini Fórum do Circuito de Mobilidade será realizado dia 3 de maio, de 16h às 21h, na sede do Cedenpa, localizada na Passagem Paulo VI, 244, bairro da Cremação, Belém. Inscrições aqui: https://linktr.ee/ColetivoParaCiclo?lt_utm_source=lt_share_link#470507983
Imagem: Divulgação