Parceria quer levar assistência técnica, tecnologia e conhecimento ao pequeno pecuarista marajoara, fortalecendo a economia rural e garantindo segurança alimentar durante o período de seca
Uma nova parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e a Embrapa Amazônia Oriental promete mudar a realidade de pequenos produtores rurais do arquipélago do Marajó, no Pará. A proposta é levar tecnologias acessíveis, assistência técnica e capacitação para fortalecer a cadeia produtiva da bubalinocultura especialmente a produção de leite de búfala, uma das atividades mais tradicionais e promissoras da região.
Na manhã desta sexta-feira (4), técnicos da Sedap visitaram o Campo Experimental “Emerson Salimos” (Cemes), mantido pela Embrapa em Salvaterra. O local é um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento de práticas sustentáveis adaptadas à realidade marajoara, com foco na pecuária bubalina e na conservação dos recursos naturais.
Pesquisa que vira prática no campo
Durante a visita, os profissionais da Sedap conheceram as tecnologias aplicadas no campo, como o cultivo de capim para silagem uma técnica de conservação de forragem que garante alimento para o rebanho durante o verão amazônico, período de seca e escassez de pasto. Segundo o coordenador do campo experimental, Marivaldo Figueiró, a meta é replicar esse conhecimento com os produtores locais.
“Queremos que essas tecnologias saiam da pesquisa e cheguem até a porteira dos pequenos criadores. Com melhor alimentação e manejo adequado, é possível aumentar a produção e a renda dessas famílias”, afirmou.
Um exemplo concreto desse avanço é o do pequeno pecuarista Joelson Fernandes, proprietário do Sítio Taperebá. Criador de búfalos da raça Murrah, ele já colhe os frutos da assistência recebida. Com 20 matrizes e um reprodutor, sua produção mensal chega a mil litros de leite, que abastecem comércios locais e um laticínio em Soure.

“Participar do curso de silagem foi essencial. A gente aprendeu a plantar, colher e armazenar o capim para garantir comida para o rebanho no verão. Esse apoio técnico faz toda a diferença”, conta Joelson, que agora tem piquetes organizados, animais melhor alimentados e mais produtividade.
Desenvolvimento com olhar social e sustentável
Além da silagem, o curso promovido pela Embrapa ensinou aos produtores técnicas de manejo do capim-açu, mombaça e curumim, em um processo feito pelos próprios agricultores, com orientação especializada. Foram 23 produtores envolvidos, que levaram mudas para suas propriedades e hoje replicam o que aprenderam.
A veterinária Anelise Ramos, da Sedap, destaca que a iniciativa vai muito além do aumento da produção. “Estamos falando de autonomia, de permanência no campo e de valorização do saber local. Quando o produtor investe em estrutura, genética e alimentação adequada, ele garante mais renda e qualidade de vida para sua família”, pontua.
A parceria também contempla o fortalecimento das comunidades quilombolas da região, com foco na inclusão e no acesso à tecnologia rural. O campo experimental da Embrapa, com mais de 2.300 hectares, tem estrutura para funcionar como modelo de referência em produção pecuária adaptada ao Marajó.

Integração entre governos fortalece o campo
O acordo entre Sedap e Embrapa é um exemplo de como a integração entre os governos estadual, federal e municipal pode transformar realidades. Para Joelson Fernandes, “o mais importante é ver que o pequeno produtor não foi esquecido. Estamos sendo assistidos e isso nos dá força para continuar investindo”.
Além da Sedap e da Embrapa, o projeto tem o apoio do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e das associações de criadores locais. Juntos, esses órgãos atuam para garantir conhecimento, acompanhamento técnico e ferramentas práticas para que os pecuaristas enfrentem os desafios do campo com mais segurança e inovação.
Imagem: Agência Pará