Enquanto o Brasil avança em debates sobre diversidade e inclusão, uma parte significativa da população feminina segue esquecida pelas lentes da grande mídia: as mulheres nortistas. Segundo levantamento do IBGE, 6 em cada 10 mulheres do Norte afirmam não se sentir representadas pela mídia nacional, acendendo um alerta para a lacuna de visibilidade e protagonismo que atinge milhões de vidas.
O dado revela que, embora regiões como Sudeste e Sul tenham conquistado avanços na maneira como suas mulheres se reconhecem em novelas, jornais, comerciais e redes sociais, o Norte permanece à margem — invisível ou, quando visto, prisioneiro de estereótipos. A consequência disso não é apenas simbólica: essa ausência reverbera na autoestima, na construção da identidade e no senso de pertencimento das mulheres nortistas.

Historicamente, a mulher da região Norte foi reduzida a imagens folclóricas, exóticas ou hipersexualizadas. Raramente sua pluralidade é retratada com profundidade. O sotaque nortista quase nunca ecoa nas redes nacionais, a estética amazônida não é reconhecida como padrão de beleza, e o conhecimento gerado por mulheres da região — seja acadêmico, ancestral ou comunitário — continua sendo negligenciado pelos centros de poder no eixo centro-sul.
Essa invisibilidade perpetua a falsa ideia de que não há protagonismo feminino no Norte. Uma ideia não apenas equivocada, mas prejudicial, que nega às mulheres amazônidas o direito de se verem como referência e potência.
Foi diante desse cenário que surgiu o projeto Mulheres Fortes do Norte, idealizado por Dina Batista Carmona, publicitária e influenciadora social. A proposta é clara: romper com a invisibilidade e transformar a comunicação em uma ferramenta de transformação social.
Por meio de palestras, mentorias, curadorias de conteúdo e ações formativas, o Mulheres Fortes do Norte alcança diretamente empreendedoras, mães, jovens e lideranças comunitárias, oferecendo suporte, representatividade e caminhos para o fortalecimento de suas narrativas. Em um país onde o acesso à saúde, educação, segurança e saneamento básico ainda é desigual, comunicar-se com verdade sobre e para o Norte é, também, garantir direitos. A comunicação se transforma quando é construída a partir do território e das vozes que nele habitam.
Projetos como o Mulheres Fortes do Norte mostram que representatividade não é apenas um ideal — é uma necessidade urgente para romper com a marginalização histórica e construir um Brasil mais justo, plural e verdadeiramente democrático.