Perder o amor da sua vida é um golpe que ninguém está preparado para receber. Jossette Rivera viveu essa experiência de forma devastadora e decidiu compartilhar sua trajetória no livro “964 días o cómo sobrevivir a la muerte del amor de tu vida” (sem edição em português). Com coragem e humor, ela narra como sobreviveu à morte prematura do marido, enquanto criava o filho pequeno e buscava um sentido para continuar.
Jossette conheceu Juan em um site de relacionamentos, numa época em que ainda não existiam aplicativos de paquera. Eles começaram um romance improvável, cheio de viagens e reviravoltas, que culminou em um pedido de casamento em frente à Torre Eiffel. Mas o conto de fadas se transformou em drama: uma semana antes da cerimônia, Juan foi diagnosticado com câncer renal. Mesmo assim, casaram-se e passaram a lutar juntos pela vida.
Nos anos seguintes, enfrentaram cirurgias, tratamentos experimentais e períodos de esperança. Mas, em 2018, o câncer se espalhou para o cérebro, e Juan passou os últimos meses hospitalizado. Jossette se despediu do marido em dezembro daquele ano, doando seu corpo à ciência. Ela ficou com um filho de 4 anos e um coração em ruínas.
A ilusão do “prazo de validade” do luto
Ao ouvir de alguém que o luto “dura dois anos”, Jossette agarrou-se a essa ideia como quem segura uma boia em mar revolto. Chegou a fazer uma contagem regressiva obsessiva, postando registros nas redes sociais, acreditando que a dor teria um fim marcado. Mas descobriu que o luto não é linear nem previsível: “Ele se comporta como ondas. Quando você pensa que pode respirar, ele volta e te arrasta para baixo”, descreve.
Ao longo do processo, Jossette percebeu que o tempo para se recuperar não tem a ver com a intensidade do amor vivido. Rir, cantar ou ir a uma festa não significa amar menos. Assim como continuar chorando anos depois não significa fraqueza. “Há uma pressão social para dar uma data de validade ao luto. Mas o tempo para sobreviver é o tempo que for preciso”, afirma.
Um manual para quem sofre
Escrever foi a tábua de salvação de Jossette. Ela publicou por quase três anos posts sobre sua dor, reunindo experiências que, mais tarde, se transformaram no livro 964 días. A obra não é um manual para “superar” o luto, mas para sobreviver a ele.
Em entrevistas, Jossette costuma responder sem hesitar à pergunta que sempre lhe fazem: “Quanto tempo dura o luto?”
Sua resposta é um alívio para quem vive perdas profundas:
“O tempo que for preciso.”
Por: Thays Garcia/ A Província do Pará
Imagem: Reprodução Instagram