A freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, foi afastada do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália, após uma denúncia anônima de maus-tratos e desvio de recursos. Natural de Macapá (AP), Aline nega as acusações e afirma que as contas do mosteiro foram auditadas e aprovadas pela própria Igreja. Ela entrou com recurso na mais alta corte do Vaticano, o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.
Conhecida por ser uma das abadessas mais jovens da Itália, Aline assumiu o posto em 2018 e liderava projetos sociais voltados para mulheres vítimas de violência, autistas e uma horta comunitária. Após seu afastamento, duas postulantes deixaram o mosteiro e cinco freiras se queixaram da nova madre comissária, de 81 anos.
Aline afirma que não teve acesso às acusações e acredita que houve um julgamento precipitado, marcado por preconceito e machismo dentro da Igreja. “Me disseram várias vezes que eu era bonita demais para ser freira”, contou. Segundo ela, esses comentários eram frequentes, inclusive de membros do clero, muitas vezes disfarçados de “brincadeiras”.
Uma testemunha do momento do afastamento relatou que o decreto foi lido sem explicações, e que as freiras foram obrigadas a manter silêncio sobre o caso. Aline contesta a falta de transparência do processo e denuncia o que considera uma injustiça.
O Vaticano ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso.
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