Uma complexa rede de voos entre a Bielorrússia e Benghazi, na Líbia, está em operação, com a Rada Airlines realizando voos regulares cujo destino é amplamente suspeito de ser o transporte de armas para as forças do comandante de guerra Khalifa Haftar, chefe do Exército Nacional Líbio (LNA).
Mesmo sob sanções internacionais desde meados deste ano, estas atividades indicam o suporte contínuo que Haftar recebe de aliados como Rússia, Emirados Árabes Unidos, Egito e aparentemente, Bielorrússia.
A série de voos tem suas raízes em uma visita de Saddam Haftar, um dos filhos de Khalifa, à Bielorrússia, ocorrida em 11 de outubro de 2024. Durante essa visita, Saddam foi acompanhado pelo general de brigada Muhammad Al-Manfour Al-Amin, que comanda a Academia de Aviação na região oriental da Líbia.
Um mês após essa visita, em 12 de novembro de 2024, o primeiro voo dessa série incomum partiu de uma antiga base aérea na Bielorrússia em direção a Benghazi. O avião em questão, um IL-62 de fabricação russa, foi convertido de transporte de passageiros para cargas.
O jato, registrado sob a matrícula EW-450TR, tomou uma rota atípica, contornando o espaço aéreo da Turquia e passando por países como Irã, Iraque e Síria antes de alcançar a Líbia. No dia seguinte, o avião retornou à base, dessa vez utilizando a rota mais curta, que incluía sobrevoar a Turquia.
Esse desvio do espaço aéreo turco é um indício claro sobre a natureza da carga transportada, já que a Turquia apoia o governo baseado em Trípoli e provavelmente não permitiria a passagem de armas através de seu território. Além disso, evitar o território turco serve para prevenir inspeções pelas autoridades locais em caso de emergência.
Entre os voos, em 14 de novembro, a aeronave voltou a decolar de Orsha para Benghazi, mantendo a estratégia de evitar o espaço aéreo turco. Nos dias subsequentes, seguiram-se mais voos, incluindo retornos para Minsk na Bielorrússia, sempre com um padrão de evitar rotas que pudessem chamar a atenção de autoridades que se oponham ao transporte de armamentos.
Essas operações sublinham a complexa dinâmica de apoio militar e logístico no conflito líbio, ao mesmo tempo em que exploram lacunas em regulamentações internacionais, desafiando esforços de contenção através de sanções.
O envolvimento contínuo da Bielorrússia nessa rede de transporte de armas ressalta a seriedade da situação na Líbia e a necessidade urgente de uma abordagem diplomática para resolver um conflito que continua a afetar a estabilidade da região.
Imagem: Aviation