As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos sofreram uma queda brusca nos últimos três meses, despencando 80% mesmo antes da nova tarifa de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump começar a valer oficialmente, no dia 1º de agosto.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o volume exportado caiu de 47,8 mil toneladas em abril para apenas 9,7 mil até o dia 21 de julho. A curva de queda já havia começado em maio, com 27,4 mil toneladas, seguida por 18,2 mil em junho, após os EUA imporem um adicional de 10% na tarifa. A queda imediata obrigou frigoríficos de estados como Mato Grosso do Sul a suspenderem temporariamente a produção voltada ao mercado norte-americano.
A nova medida americana, apelidada de “tarifaço de Trump”, preocupa o setor. Mesmo com o Brasil sendo o maior exportador de carne bovina para os EUA superando Austrália, Nova Zelândia e Uruguai a nova tarifa ameaça a competitividade do produto brasileiro, especialmente no segmento de cortes usados na produção de hambúrgueres.
Só no primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 181,5 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, gerando US$ 1,04 bilhão em receita. Isso representou um salto de mais de 100% tanto em volume quanto em valor em relação ao mesmo período de 2024, colocando os EUA como o segundo maior destino da carne brasileira, atrás apenas da China.
Grande parte desse volume já era exportado com tarifas elevadas, acima da cota de 65 mil toneladas com alíquota reduzida. Ainda assim, o preço competitivo da carne brasileira mantinha o produto atraente. No entanto, com o aumento da tarifa para 50%, a equação muda. O preço médio da tonelada subiu de US$ 5.200 para US$ 5.850, mas esse aumento não cobre as perdas provocadas pela nova taxa, e os prejuízos já começam a ser contabilizados pela indústria.
Com receio de perder espaço para concorrentes como Canadá e Argentina, que têm acordos comerciais mais favoráveis com os EUA, o setor se mobiliza. O vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado reuniões com representantes da indústria e do agronegócio para buscar alternativas e conter os impactos.
Atualmente, cerca de 70% da carne bovina brasileira é consumida internamente. Os 30% destinados à exportação envolvem, em sua maioria, cortes com menor valor no mercado nacional, o que torna as vendas externas uma importante fonte de rentabilidade para os frigoríficos agora ameaçada.
Fonte: Portal Info Money
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