quarta-feira, maio 14, 2025
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O homem que virou antídoto: estudo com “cobaia humana” pode revolucionar tratamento contra picadas de cobra

Durante quase duas décadas, o americano Tim Friede viveu uma rotina impensável: se expôs a mais de 200 picadas de cobras e aplicou em si mesmo cerca de 700 doses de veneno das espécies mais mortais do mundo. O objetivo? Criar imunidade. O resultado? Um possível passo histórico para o desenvolvimento de um antídoto universal contra venenos de cobra.

Agora, cientistas afirmam que o sangue de Tim contém anticorpos “incomparáveis”, capazes de proteger contra os efeitos de neurotoxinas presentes em cobras como najas, mambas, taipans e kraits — responsáveis por milhares de mortes por ano.

O experimento humano que chamou a atenção da ciência

Friede não é médico nem cientista: era mecânico de caminhões. Mas sua paixão pelas serpentes e a vontade de ajudar pessoas de regiões vulneráveis o levaram a criar imunidade à base da dor. Sua história — registrada no YouTube ao longo dos anos — virou assunto sério quando chamou a atenção do CEO da Centivax, Jacob Glanville, que decidiu estudar seu sangue em busca de anticorpos poderosos.

“Na primeira ligação, eu disse: ‘pode parecer estranho, mas eu adoraria pôr as mãos no seu sangue’”, contou Glanville.

Avanços científicos promissores

Os estudos revelaram dois anticorpos de ampla neutralização, capazes de agir sobre diversas classes de neurotoxinas. Quando aplicados em camundongos, os anticorpos ajudaram os animais a sobreviver a doses letais de veneno de 13 das 19 cobras mais perigosas do planeta. Nas outras seis espécies, ainda houve uma proteção parcial.

O feito é inédito. Atualmente, os soros antiofídicos funcionam apenas contra toxinas específicas de uma única espécie ou grupo regional de cobras. Além disso, são produzidos a partir da imunização de cavalos, o que exige alto custo, tempo e logística.

O futuro: antídoto universal?

O grande sonho agora é desenvolver um soro único — ou no máximo dois, um para neurotoxinas (como as dos elapídeos) e outro para hemotoxinas (comuns em víboras) — que possa ser aplicado imediatamente em qualquer vítima de picada, sem precisar identificar a espécie da cobra.

“Estamos a caminho de, talvez em 10 ou 15 anos, ter algo eficaz contra todas as principais toxinas”, disse Peter Kwong, pesquisador da Universidade Columbia.

De cobaia a herói

Para Friede, que já chegou a ficar em coma após picadas, a sensação de contribuição é o que mais importa. “Estou fazendo algo de bom para a humanidade. Tenho orgulho disso. É incrível”, declarou.

Enquanto a ciência continua decifrando os segredos contidos em seu sangue, ele já entrou para a história como o homem que pode ter ajudado a salvar milhares de vidas — com o próprio corpo.

Imagem: Reprodução Internet

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